terça-feira, 15 de abril de 2014

A Doutrina da Igreja


A Doutrina da Igreja B. ENSINO O dom de ensino no Novo Testamento é a capacidade de explicar as Escrituras e aplicá-la à vida das pessoas. Isso se evidencia em uma série de passagens. Em Atos 15.35, Paulo e Barnabé estão em Antioquia “ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor”. Em Corinto, Paulo permaneceu um ano e meio “ensinando entre eles a palavra de Deus” (At 18.11). E os leitores da epístola aos Hebreus, embora já devessem ser mestres, ainda precisavam de alguém que lhes ensinasse de novo “os princípios elementares dos oráculos de Deus” (Hb 5.12). Paulo diz aos romanos que as palavras das Escrituras do Antigo Testamento “para o nosso ensino [gr. didaskalia]” foram escritas (Rm 15.4) e escreve a Timóteo que “toda a Escritura” é “útil para o ensino [didaskalia]” (2Tm 3.16). C. MILAGRES Logo após apóstolos, profetas e mestre, Paulo diz “depois, operadores de milagres” (1Co 12.28). Ainda que muitos dos milagres vistos no Novo Testamento fossem especificamente milagres de cura, Paulo aqui alista a cura como um dom distinto. Assim, nesse contexto ele deve ter em vista algo diferente de cura física. Devemos perceber que talvez a palavra milagre não dê uma idéia muito precisa do que pretendia Paulo, uma vez que a palavra grega é simplesmente a forma plural da palavra dynamis, “poder”.24 Isso significa que o termo pode referir-se a qualquer tipo de atividade em que se evidencie o grande poder de Deus. Isso pode incluir respostas a orações por livramento de perigos físicos (como no caso dos apóstolos livrados da prisão em At 5.19-20 ou 12.6-11), ou atos poderosos de julgamento contra inimigos do evangelho ou contra os que precisam de disciplina dentro da igreja (veja At 5.1-11; 13.9-12), ou proteções miraculosas de ferimentos (como ocorreu com Paulo e a víbora em At 28.3-6). Mas tais atos de poder espiritual também podem incluir poder para triunfar sobre a oposição demoníaca (como em At 16.18; cf. Lc 10.17). D. Cura 29-10-2011 17:12 1. Introdução: doença e saúde na história da redenção. Para começar, precisamos compreender que a doença física surgiu como conseqüência da queda de Adão e que a enfermidade e a doença são simplesmente parte do produto da maldição após a queda que acabam levando à morte física. Cristo, porém, nos redimiu dessa maldição quando morreu na cruz: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-5). Essa passagem refere-se à cura física e também espiritual que Cristo nos conseguiu, pois Pedro a cita para falar de nossa salvação: “... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1Pe 2.24). 2. Os propósitos da cura. Assim como outros dons espirituais, a cura tem vários propósitos. Com certeza serve como um “sinal” para autenticar a mensagem do evangelho e mostra que é chegado o reino de Deus. Depois, a cura também traz conforto e saúde aos doentes e, assim, demonstra o atributo divino de misericórdia para com os que sofrem. Em terceiro lugar, capacita as pessoas para o serviço, ao remover impedimentos ao ministério. Em quarto lugar, a cura provê oportunidade para que Deus seja glorificado à medida que as pessoas vêem provas materiais de seu amor, bondade, poder, sabedoria e presença. 3. Que dizer do uso de remédios? Qual a relação entre a oração pela cura e o uso de remédios e a capacidade do médico? Com certeza devemos usar remédios caso disponhamos deles, porque Deus também criou na terra substâncias com que podemos produzir remédios com propriedades terapêuticas. Os remédios, portanto, devem ser considerados parte de toda a criação que Deus considerou “muito bom” (Gn 1.31). Devemos empregar de bom grado os remédios com gratidão ao Senhor, pois “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém” (Sl 24.1). De fato, quando dispomos de medicamentos e nos recusamos a usá-los (em casos que isso poderia pôr em risco a nossa vida ou a de outros), parece que estamos errando, “tentando” o Senhor nosso Deus (cf. Lc 4.12); isso é semelhante ao caso de Satanás tentando Jesus para que pule do templo em vez de descer pelos degraus. Havendo meios normais para descer do templo (os degraus), pular é “tentar” a Deus, exigindo que realize um milagre nesse exato momento. Recusar-se a empregar um medicamento eficaz, insistindo que Deus realize um milagre de cura em vez de curar por meio do remédio, é muito semelhante a isso. 4. O Novo Testamento apresenta métodos comuns empregados na cura? Os métodos de cura empregados por Jesus e os discípulos variavam de caso a caso, mas com maior freqüência incluíam a imposição de mãos. No versículo que acabamos de citar, Jesus sem dúvida podia ter proferido uma ordem poderosa, curando toda a multidão instantaneamente, mas em lugar disso “ele os curava, impondo as mãos sobre cada um” (Lc 4.40). A imposição de mãos parece ter sido o principal meio de cura empregado por Jesus, porque quando as pessoas chegavam e lhe pediam cura, não pediam simplesmente que orasse, mas diziam, por exemplo, “vem, impõe as mãos sobre ela, e viverá” (Mt 9.18). 6. Mas, e se Deus não curar? Entretanto, precisamos compreender que nem todas as orações por cura serão respondidas nesta era. Às vezes Deus não concede a “fé” especial (Tg 5.15) de que a cura ocorrerá, e às vezes Deus opta por não curar por causa de seus propósitos soberanos. Nesses casos, precisamos lembrar que Romanos 8.28 ainda é verdade: apesar dos “sofrimentos do tempo presente” e apesar de gemermos “aguardando [...] a redenção do nosso corpo” (Rm 8.18, 23), “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Isso também inclui a atuação de Deus em nossa situação de sofrimento e enfermidade. Postado por Pr.Clodoaldo Pereira às 11:04 PM Nenhum comentário: Línguas e Interpretação Deve-se dizer para começar que a palavra grega glossa, traduzida por “língua”, é empregada não só para designar a língua física que fica dentro da boca, mas também para designar a “linguagem”. 1. As línguas na história da redenção. O fenômeno de falar em línguas é exclusivo da era da nova aliança. Antes de Adão e Eva caírem em pecado, não havia necessidade de falar em outras línguas, porque eles falavam a mesma língua e estavam unidos no serviço a Deus e na comunhão com ele. Após a queda, as pessoas falavam a mesma língua, mas acabaram unidas na oposição a Deus e “a maldade do homem se havia multiplicado” e “era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.5). Essa língua unificada empregada na rebelião contra Deus culminou na construção da torre de Babel numa época em que “em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar” (Gn 11.1). Para interromper essa rebelião conjunta contra ele, em Babel Deus “confundiu [...] a linguagem de toda a terra” e dispersou o povo pela face da terra (Gn 11.9). 2. Que é falar em línguas? Podemos definir esse dom da seguinte forma: Falar em línguas é oração ou louvor expresso em sílabas não compreendidas pelo locutor. a. Palavras de oração ou louvor dirigidas a Deus. Essa definição indica que falar em línguas é principalmente um discurso dirigido a Deus (ou seja, oração ou louvor). Assim, é diferente do dom de profecia, que com freqüência consiste em mensagens pronunciadas por Deus para as pessoas na igreja. Paulo diz: “Quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus” (1Co 14.2), e se não estiver presente um intérprete no culto, Paulo diz que o indivíduo com dom de línguas deve ficar calado, “falando consigo mesmo e com Deus” (1Co 14.28). b. Não compreendido pelo locutor. Paulo diz: “Quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (1Co 14.2). De modo semelhante, ele diz que se há falar em línguas sem interpretação, não se transmitirá nenhum significado: “... serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim” (1Co 14.11). c. Orar com o espírito, não com a mente. Paulo diz: “... se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente” (1Co 14.14-15). d. Não extático, mas autocontrolado. A New English Bible traduziu a expressão “falar em línguas” por “discurso extático”, dando maior sustentação à idéia de que os que falam em línguas perdem a consciência do meio em que estão, ou perdem o autocontrole, ou são forçados a falar contra a vontade. Além disso, alguns dos elementos extremos no movimento pentecostal admitem condutas frenéticas e desordenadas nos cultos de adoração e isso, na mente de alguns, tem perpetuado a noção de que falar em línguas é um tipo de discurso extático. e. Línguas sem interpretação. Se não estiver presente na reunião alguém que se saiba possuir o dom de interpretação, a passagem que acabamos de citar indica que o falar em línguas deve ocorrer em particular. Não se deve dar nenhum discurso em línguas no culto público, se não houver interpretação. Paulo fala de orar em línguas e cantar em línguas quando diz: “Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente” (1Co 14.15). Isso confirma ainda mais a definição dada acima, em que entendemos as línguas como algo primeiramente dirigido a Deus, em oração e louvor. Isso também legitima a prática de cantar em línguas, de maneira pública ou privada. Mas aplicam-se ao cantar as mesmas regras que se aplicam ao falar: se não houver intérprete, só deve ser feito em particular. f. Línguas com interpretação: edificação para a igreja. Paulo diz: “... quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação” (1Co 14.5). Uma vez que a mensagem em línguas seja interpretada, todos podem compreender. Nesse caso, Paulo diz que a mensagem em línguas é tão valiosa para a igreja quanto a profecia. Devemos observar que ele não diz que ambos possuem a mesma função (pois outras passagens indicam que a profecia é uma comunicação de Deus para seres humanos, enquanto as línguas são em geral comunicação de seres humanos para Deus). Mas Paulo diz claramente que possuem igual valor na edificação da igreja. g. Nem todos falam em línguas. Assim como nem todos os cristãos são apóstolos, nem todos são profetas ou mestres, nem todos possuem dons de cura, assim também nem todos falam em outras línguas. Paulo indica isso claramente quando faz uma série de perguntas, todas as quais pressupõem a resposta “não”, e inclui a pergunta: “Falam todos em outras línguas?” (1Co 12.30). A resposta esperada é não. Alguns alegam que Paulo aqui só está dizendo que nem todos falam publicamente em línguas, mas que talvez admitisse que todos pudessem falar em línguas em particular. Mas essa distinção parece estranha ao contexto e não é convincente. Ele não especifica que nem todos falam em línguas publicamente ou na igreja, mas só diz que nem todos falam em línguas. h. Que dizer do perigo da imitação demoníaca? Às vezes os cristãos temem falar em línguas, pensando que falar algo que não compreendem pode fazê-los pronunciar blasfêmias contra Deus ou falar algo inspirado por um demônio e não pelo Espírito Santo. Em primeiro lugar, deve-se dizer que essa não é a preocupação de Paulo, mesmo na cidade de Corinto, onde muitos vinham do culto pagão, e da qual Paulo disse claramente: “... as coisas que eles sacrificam, é a demônios que os sacrificam e não a Deus” (1Co 10.20). Mesmo assim, ele diz: “... quisera que vós todos falásseis em outras línguas” (1Co 14.5). Ele não faz nenhuma ressalva de que devam estar atentos à imitação demoníaca ou mesmo pensar que essa seria uma possibilidade quando empregassem esse dom. i. Estaria Romanos 8.26-27 relacionado ao falar em línguas? Paulo escreve em Romanos 8.26-27: Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobre-maneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos. Paulo não menciona aqui, de maneira explícita, o falar em línguas, e a declaração é geral, tratando da vida de todos os cristãos, de modo que não parece correto dizer que Paulo esteja aqui se referindo ao falar em línguas. Ele está se referindo a uma experiência mais geral que ocorre na vida de oração de todos os cristãos. F. PALAVRA DA SABEDORIA E PALAVRA DO CONHECIMENTO Paulo escreve: “A um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento” (1Co 12.8). No início desta discussão deve-se compreender que esses dois dons não são mencionados em outra parte das Escrituras, e não se encontrou nenhuma outra literatura cristã além da Bíblia que empregue essas expressões designando algum dom espiritual. Isso significa que a única informação que temos sobre esses dons estão contidas nesse versículo: temos as palavras empregadas para descrever esses dois dons, e temos o contexto em que elas ocorrem. Nenhum intérprete encontra, em lugar algum, mais informações que essas com que trabalhar. Isso nos avisa que, de qualquer modo, é provável que nossas conclusões sejam um tanto incertas. G. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS E BATALHA ESPIRITUAL O dom de discernir espíritos é outro dom mencionado só uma vez no Novo Testa-mento (na lista de 1Co 12.10), mas a natureza desse dom o liga com algumas outras passagens que descrevem a batalha espiritual que ocorre entre cristãos e espíritos demoníacos. Podemos definir da seguinte forma o dom de discernir espíritos: Discernimento de espíritos é uma capacidade especial de reconhecer a influência do Espírito Santo ou de espíritos demoníacos numa pessoa.