segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
SOU EU, CALVINO,Conversas com o Reformador - Uma Biografia
Vivemos uma época de muitas nomenclaturas ministeriais no meio evangélico brasileiro. Alguns líderes de diferentes denominações cristãs, mesmo atuando nas mesmas funções, usam termos e nomes diferentes como apóstolos, pastores, bispos, presbíteros e muitos outros. Infelizmente conseguimos identificar que alguns ministros usam algumas nomenclaturas bíblicas por uma busca de autoridade eclesiástica e um suposto poder espiritual, criando assim uma visível contradição quanto ao real significado do título e dos nomes na Bíblia.
O que pretendo aqui é expor de forma clara a etimologia de cada título, bem como seu uso prático na Bíblia, interpretando conforme o contexto das Escrituras e comparando-os aos dias atuais. É bem certo que você se impressionará com alguns desses significados devido ao grande equívoco e falta de harmonia bíblica criada por nossos mestres-servos.
Estaremos abordando os significados dos seguintes termos: Pastor, presbítero, bispo, apóstolo, diácono, reverendo, missionário e cooperador. Escolhi lembrar do cooperador pois existe também algo muito impressionante nesse termo, contrário em nossos dias.
Pastor, Presbítero e Bispo
No contexto do Novo Testamento, os termos pastor, presbítero e bispo, incrivelmente descrevem os mesmos servos. Trata-se de líderes atuando em igrejas locais, cuidando do rebanho de Deus, a Igreja de Cristo (Atos 20.17,28; 1ª Pedro 5.1-3; Tito 1.5-7). As várias palavras, mesmo diferentes, identificam os mesmos homens, mas é importante entender que cada palavra tem seu próprio significado. Essas variações de sentido ajudam a mostrar aspectos diferentes do trabalho dos ministros que cuidavam de uma congregação.
Para uma compreensão bem definitiva, irei apresentar os significados desses termos, dentro de uma ordem cronológica de surgimento e uso comum nos tempos bíblicos.
O Pastor – As primeiras vezes que aparecem o termo pastor na Bíblia se referem a alguém cuidando de um rebanho (Gn. 13.7; Gn. 13.8; Êx. 2.17). Mas a partir do registro do 1º livro dos Reis 22.17 em diante, o nome é usado como forma figurativa para expressar situações referentes ao cuidado: “Então disse ele: Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa”.
O salmista Davi, o mais expressivo pastor de ovelhas das Escrituras também fez uma belíssima comparação: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl. 23.1ss).
Concluímos então que a figura do Pastor no Antigo Testamento não estava ligada à uma autoridade espiritual, visto que nessa esfera se destacavam sacerdotes, profetas e outros levantados pelo Senhor. O pastor de fato era alguém responsável para cuidar do rebanho, que a partir da Antiga Aliança, não eram pessoas e sim animais. Mas o termo figurativo ficou marcado, pois fora dito pelo Senhor até mesmo no Pentateuco (Nm. 27.17).
Quando chegamos ao cenário histórico do Novo Testamento vemos os líderes sendo chamados para “pastorear” o rebanho de Deus. E essa nomenclatura passou a ser usada justamente por causa das próprias palavras de Cristo, quando usando a figura de metáfora, disse de Si mesmo: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”. (Jo. 10.11-14).
Jesus usou a comparação por que sabia muito bem acerca do cuidado do pastor com as ovelhas nos campos. Ser pastor a partir daquele momento, na visão bíblica e neotestamentária, significava cuidar de vidas da mesma forma que Cristo demonstrou no cuidado e ensino no seu ministério na terra. Ele consolou pessoas, guiou, orientou, pregou, cuidou da alma ferida e alimentou multidões. Foi humilde perdoando, lavando os pés dos discípulos para mostrar exemplo, protegendo e dando a sua vida. Essas são características não apenas dos pastores, mas de qualquer pessoa que tenha a responsabilidade de cuidar do rebanho do Senhor.
O Presbítero – do grego πρεσβυτερος (presbyteros), “ancião” em algumas versões da Bíblia, descreve alguém de idade mais avançada, experiente. A palavra é usada no Novo Testamento para identificar alguns dos líderes entre os judeus. No livro de Atos e nas epístolas, os homens que pastoreavam e supervisionavam as igrejas locais foram frequentemente chamados de presbíteros (Atos 11.30; 14.23; 16.4; 20.17; 21.18; 1ª Timóteo 5.17,19; Tito 1.5; Tiago 5.14; 1ª Pedro 5.1; 2ª João 1; 3ª João 1). Necessariamente eram os cristãos mais maduros da congregação. Usavam seu conhecimento e experiência para servir como modelos e ensinar o povo de Deus.
Nas referencias que apresentamos, interligando as palavras pastor e presbíteros, temos as mesmas pessoas pelo seguinte fato: Os presbíteros foram chamados para pastorear o rebanho de Deus. Isto é, os pastores do Novo Testamento eram os mesmos líderes (presbíteros) que estavam à frente do cuidado da igreja. E mais, recebiam muito bem para isso conforme 1ª Timóteo 5.18 que diz: “Os presbíteros que administram bem a igreja são dignos de dobrados honorários, principalmente os que se dedicam ao ministério da pregação e do ensino”. (Versão King James). Observe que muitos presbíteros que eram de fato os pastore,s pregavam e ensinavam.
O Bispo – o termo vem do grego antigo επίσκοπος, (episkopos) “inspetor”, “superintendente”. Em 1ª Pedro 2.25, a referência ao Senhor indica uma função além do pastoreio, enquanto pastor. Várias outras passagens usam essa palavra para descrever uma responsabilidade maior do mesmo pastor que foi escolhido para guiar os discípulos de Cristo no seu trabalho na igreja (Filipenses 1.1; 1ª Timóteo 3.2; Tito 1.7).
Mas o texto de Atos 20 e seus versículos é claríssimo na interligação das pessoas do pastor, presbítero e bispo. No verso 17 Paulo convoca os presbíteros para uma reunião, sendo que no verso 28 ele chama os presbíteros de bispos, encojando-os ao zelo no pastoreio – “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”.
O que na verdade revela o texto é que Paulo está diante de presbíteros (pastores) que tinham a função de supervisionar (epískopos-bispos) várias igrejas. Sendo assim, pastores, bispos e presbíteros não são três ofícios diferentes, e sim três palavras que descrevem aspectos diferentes dos mesmos homens. Os bispos de hoje devem ser, de acordo com o texto, aqueles que chamamos de presidentes da igreja Sede, que deve estar na condição de uma igreja-mãe com várias congregações.
Apóstolo – esse título parece ser o mais cobiçado em nossos dias. Houve uma avalanche no surgimento de apóstolos tão grande como em nenhum outro momento na história da Igreja. Mas biblicamente e historicamente analisado há muitos equívocos quanto ao chamado e função nessa nomenclatura “apostólica”.
O termo grego ἀπόστολος, (apóstolos) significa enviado. Em se tratando de originalidade literária, o termo usado por Jesus aos escolhidos para a pregação e propagação do Evangelho, denota uma missão para os lugares mais distantes, onde ainda não chegara a mensagem de Salvação – “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19ª).
Os textos mais surpreendentes e reveladores das Escrituras, nos versículos de Atos 15, mostram presbíteros (pastores e bispos) ao lado dos apóstolos, deixando claro que nenhum líder da igreja teve a ousadia de se auto intitular apóstolo, pois sabiam que se tratava de uma nomenclatura exclusiva de Jesus aos doze enviados – “Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos presbíteros, sobre aquela questão”.(Atos 15.2). “E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e presbíteros, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles”. (Atos 15.4). “Congregaram-se, pois, os apóstolos e os presbíteros para considerar este assunto”. (Atos 15.6). “Então pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos”. (Atos 15.22). “E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os presbíteros e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde”. (Atos 15.23).[negritos do autor].
Partindo do relato de Atos, que é o contexto primitivo, para a História da Igreja nos períodos da idade média e moderna, não encontramos nenhum registro de uso do termo apóstolo, a não ser o reconhecimento da Igreja a pessoas que estavam na condição ministerial dos apóstolos de Cristo, quanto a lugares e condições como Willian Carey, Charles Finney, George Whitefield e outros desse nível.
Os apóstolos de Cristo não levantaram novos apóstolos, mas pastores e líderes na igreja.
Mas isso não significa que não podemos usar o termo apóstolo em nossos dias. Basta seguirmos a etimologia da palavra, a função designada e, a contextualização do termo, o que nos trará o resultado do nome Missionário. Ou seja, os verdadeiros apóstolos dos nossos dias são os missionários que estão distantes, enfrentando os desafios de culturas diferentes, passando aflições até mesmo com suas famílias, para que o Evangelho salvador alcance corações longínquos. Considere isso biblicamente correto.
Reverendo – o termo vem do latim reveréndus indicando alguém que deve ser reverenciado. É um tratamento dado as autoridades eclesiásticas de algumas igrejas cristãs históricas.
Já houve muitos debates acerca desse título, pois alguns o consideram um termo equivalente à reverência dada à Deus, o que é puro engano, pois a real etimologia da palavra “reverência” em se tratando da raiz do “reverendo” é “respeito profundo”, “acatamento”, “consideração”. Não se pode confundir reverência com adoração, pois são palavras de significados bem distantes. Temos reverência no culto, mas o culto não é Deus, é para Deus. Temos reverência diante de um tribunal, mas o tribunal não é Deus. Com isso fica claro que a reverência é algo natural tanto para as questões espirituais como humanas.
Mas a grande pergunta é: Pode o ministro ser chamado de Reverendo?
A observância no título de reverendo aplicado aos líderes da igreja, numa visão de respeito e consideração, pode ser melhor explicado tendo com exemplo a interpretação real do termo bíblico “santo” do hebraico Kadosh, utilizado para mostrar um atributo comunicável de Deus.
Kadosh significa também algo sagrado, ou um indivíduo que foi consagrado perante outras pessoas. Existem diversas variações para Kadosh: Kadesh significando sagrado, Kidush que significa santificação, ou consagração, as palavras Yom kadosh significando dia Santo e, Kadish que significa santificação. Observe que todas as palavras estão relacionadas à Deus, mas mesmo assim, no Novo Testamento, somos chamados também de “santos”, principalmente nas epístolas, e isso não significa que nos igualamos à Deus, pelo contrário, santos porque somos separados para Ele.
Dessa forma, a palavra Reverendo não indica que alguém deva ser reverenciado ao nível de Deus, mas ser respeitado e considerado na função chamada por Deus.
Diácono – a palavra no grego διάκονος, (diákonos) é “ministro”, “servo”, “ajudante” e denota uma categoria de obreiro assistencial, cerimonial, preservador, orientador, servidor etc.
Mas se engana quem pensa que a instituição do diaconato está definida em Atos capítulo 6. O vocábulo diakonein nesse texto não é técnico, tratando apenas de “servidores” incumbidos de distribuir os fundos às viúvas necessitadas. Se fossemos partir dessa aplicação do texto concluiríamos que a função dos diáconos seria dentro desse limite, o cuidado com as viúvas.
Os textos que revelam as funções ministeriais dos diáconos estão nas epístolas de Paulo aos Filipenses e a Timóteo: “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos” (Filipenses 1.1). Atente que logo no verso 1 Paulo revela o contexto ministerial do diaconato, que o coloca na posição de oficial da igreja ao lado do bispo. O texto junto ao contexto histórico revela que os diáconos auxiliavam os pastores em suas funções, sendo importante lembrar que, quando um ministro tinha a necessidade de se ausentar da liderança e pastoreio da congregação, quem assumia a direção era justamente o diácono, que nessa hora era reconhecido pela mesma capacidade.
A carta à Timóteo é mais reveladora ainda, quando Paulo declara e orienta: “Os diáconos igualmente devem ser dignos, homens de palavra, não amigos de muito vinho nem de lucros desonestos”.(1ª Timóteo 3.8) “Devem ser primeiramente experimentados; depois, se não houver nada contra eles, que atuem como diáconos”(Vs.10), “O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua própria casa”.(Vs.12).
Usando o texto mais uma vez dentro de seu contexto fiel, podemos resumir que as orientações dadas aos diáconos veem logo após a dos bispos (presbíteros, pastores), concluindo que o diácono tem o mesmo nível de responsabilidade desses, sendo o verdadeiro auxiliar do ministro.
O diaconato é um ministério de verdadeira excelência!
O Cooperador – Você já se perguntou alguma vez por que o apóstolo Paulo ao final de algumas epístolas faz menção dos cooperadores? Pois bem, pasme: os cooperadores eram os cristãos mais capacitados (ministerialmente) para o auxílio em todas as áreas da igreja!
Era comum nos tempos bíblicos a menção de pessoas importantes ao final de uma epístola ou registro relevante. O primeiro exemplo vem da carta aos Romanos, onde o apóstolo além de apresentar uma extensa lista de cooperadores, faz questão de frisar que, ele não escreveu a carta, mas apenas ditou para Tércio, o grande cooperador (Rm. 16.22).
Cooperadores ilustres são mencionados com grande destaque: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores” (Filemom 1.24). “Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus” (Romanos 16.3). “As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa”. (1ª Coríntios 16.19).
De fato, os cooperadores que as epístolas mencionam possuíam capacidade maior que muitos dos irmãos, pois eles ajudavam na organização do culto, na abertura de novos trabalhos, na comunicação, na pregação, evangelização, nas viagens, assistência aos obreiros em geral. Eram homens e mulheres com visão muito ampla e espírito de trabalho e cooperação além das expectativas.
O tratamento que vemos hoje com os atuais cooperadores (principalmente nas igrejas pentecostais) está muito fora da realidade bíblica. Precisamos valorizar e reconhecer os trabalhos dos verdadeiros cooperadores.
Conclusão – diante da investigação bíblica aqui exposta, respeitando os princípios e regras da hermenêutica, numa exegese séria e fiel, devemos considerar que alguns líderes que usam nomenclaturas ministeriais não condizentes com a observância das Sagradas Escrituras, desrespeitam os termos estabelecidos por Deus e, ignoram as designações de ordem eclesiais estruturadas pela igreja neotestamentária.
O que nos parece de verdade é uma inversão de significados e termos mal entendidos, onde muitos se esquecem do verdadeiro sentido do chamado para liderar vidas.
O ministro ideal é aquele que, primeiramente, é considerado por seus liderados como o maior dos servos. Os seguidores, de bom grado, concedem, a esses líderes a autoridade para liderá-los, porque vêem nele alguém altruísta e voltado para os demais. Como ministro de Deus, sua tarefa é levar as pessoas a buscarem uma transformação e não apenas formular e impor leis, por meio de um suposto poder espiritual gerado por títulos. Ele realiza uma mudança de cada vez.
O líder percebe que as pessoas são seu único e maior bem na igreja, e executa suas tarefas fortalecido pelo Espírito Santo. Usa o poder do amor para transmitir novos valores.
Desejamos como ovelhas, muito mais líderes guiados pelo Espírito, do que homens movidos por títulos que em muitos casos exalto o próprio ego.
Um país mais crente
Um país mais crente
Censo do IBGE revela que o crescimento evangélico no Brasil não arrefeceu.
01 Ago 2012 Escrito por Carlos Fernandes Publicado em Religião Um país mais crente
A divulgação dos dados religiosos do Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreendeu até os mais ufanistas dos crentes. O anúncio, no fim de junho, de que o número oficial de evangélicos no Brasil, agora, é estimado em 42,3 milhões de pessoas – ou 22,2% da população nacional – confirma a tendência de crescimento vertiginoso do segmento, acelerado nos anos 1980 e 90, mas que parecia ter perdido o ímpeto. Isso equivale a dizer que, de cada cinco brasileiros, um ou dois se declaram evangélicos. É muita coisa. Nos últimos dez anos, a Igreja Evangélica nacional cresceu mais de 6 pontos percentuais, o que configura um fenômeno religioso jamais visto na história do país. E isso, apesar de todos os questionamentos que as instituições religiosas têm enfrentado nos últimos anos, da perda de credibilidade de diversas denominações, dos escândalos envolvendo pastores famosos e do avanço do secularismo na sociedade. Para se ter uma ideia, o Censo também constatou que o grupo dos que se declaram ateus, agnósticos ou sem religião já conta com 15 milhões de pessoas.
Embora ainda pareça utópico dizer que o número de evangélicos vai superar o de católicos até meados deste século, o fato é que a Igreja Romana continua assistindo a uma debandada de fiéis. Praticamente absoluta no fim do século 19, quando seguida por quase 99% dos brasileiros, a fé católica, hoje, é professada por 65% dos brasileiros, ou 123 milhões de almas. O Brasil ainda é o maior país católico do mundo, mas o declínio progressivo preocupa o Vaticano. “Nós já esperávamos que houvesse queda no número de católicos, mas nossa expectativa era que fosse menor”, admite o padre Thierry Linard de Guertechin, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB. No entender do religioso, que também é demógrafo, várias causas têm contribuído para isso. “Parte da responsabilidade é da própria Igreja Católica, que não vai aonde o povo está”, aponta. Guertechin lembra que as igrejas evangélicas são mais capilarizadas. “Os fiéis não encontraram a Igreja nas periferias das metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, para onde acorreu o fluxo migratório das últimas décadas.”
“Em muitas paróquias católicas, a relação é de um padre para 20 mil fiéis ou mais. A falta de vocações e o envelhecimento do clero agravaram esse quadro, tornando mais difícil o pastoreio numa sociedade massificada”, opina o teólogo e pastor luterano Martin Weingaertner, membro do Conselho de Referência da Aliança Cristã Evangélica Brasileira. “Em contraposição, as igrejas evangélicas têm em média um obreiro para cada 100 fiéis, o que possibilita o que poderíamos chamar de ‘atendimento personalizado’”. Coordenador do Grupo de Trabalho sobre Igreja, Sociedade e Cidadania da Aliança, o pastor Weingaertner não acredita, contudo, que a Igreja Evangélica continue a avançar no ritmo atual e que possa superar numericamente a Católica. “Pela segmentação interna dos evangélicos, bem como por sua inclinação para a autofagia, a curva de crescimento deve diminuir. As igrejas evangélicas jamais chegarão a desempenhar um papel hegemônico, pois isso requereria uma organização hierárquica ou uma moldura doutrinária uniforme e rígida.”
“GUARDIÕES DA FÉ”
A ênfase do trabalho evangélico em grupos específicos, como crianças e jovens, é apontada pelo pastor Fernando Brandão, da Junta de Missões da Convenção Batista Brasileira, como outro fator de atração e fidelização das igrejas evangélicas. Além, é claro, da presença midiática. Desde os anos 1980, igrejas e líderes evangélicos, sobretudo os de linha pentecostal e neopentecostal, tornaram o Evangelho um produto de massa. “O uso dos meios de comunicação, como rádio e TV, foi determinante para a expansão do protestantismo no Brasil”, destaca Brandão.
Para o vice-diretor de Expansão Missionária da organização Servindo Pastores e Líderees (Sepal) e pastor da Igreja Presbiteriana Independente Oswaldo Prado, não de pode deixar de levar em conta, também, a popularização da mensagem que prioriza a bênção material: “As igrejas têm alcançado muitos que precisam de alento e encorajamento no meio da luta pela sobrevivência. Para isso, muitos têm criado o dualismo da conversão com uma inevitável ascensão social”. Prado, contudo, acredita que tributar tanto crescimento apenas à pregação da prosperidade é simplificar demais a análise. “Seria injusto classificar apenas esses movimentos como propulsores do crescimento evangélico em nosso país. Existem aqueles que optaram por estender o Reino de Deus em nosso país com absoluta seriedade e compromisso com os valores da Palavra do Senhor. São estes que têm sido os guardiões da fé cristã em nosso solo”, conclui. (Carlos Fernandes)
ESTATÍSTICAS
Religião no Brasil
123 milhões de brasileiros (64,4%) são católicos
42,3 milhões, ou 22.2%, são evangélicos
15 milhões se declaram sem religião, ateus ou agnósticos
3,8 milhões professam o espiritismo
570 mil são adeptos da umbanda e do candomblé
Top 3
Entre os países com maior presença evangélica em números absolutos, o Brasil aparece em 3º lugar:
1º – Estados Unidos, com 155 milhões de evangélicos e protestantes
2º – China, com 100 milhões (número estimado)
3º – Brasil, com cerca de 42 milhões
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Estudo Bíblico A Ascensão do Anticristo
Liderança e Espiritualidade - Artigo Gospel
Visita Pastoral Uma Responsabilidade Dada Por Deus
Esboço A Fidelidade dos Obreiros do Senhor
Esboço A Fidelidade dos Obreiros do Senhor
Texto Áureo: Fp. 2.19 – Leitura Bíblica: Fp. 2.19-29
INTRODUÇÃO
Estamos diante de uma crise ministerial no contexto evangélico, existem líderes empresariais nas igrejas, mas poucos com autoridade espiritual. Na aula de hoje destacaremos a atuação espiritual de três obreiros do Senhor: Paulo e o seu amor pela igreja, Timóteo e sua aprovação para a liderança, e por último, Epafrodito, sua dedicação aos servos de Deus. Todos esses apresentam, como principal característica ministerial, a fidelidade ao Senhor.
1. PAULO, UM OBREIRO AMOROSO
Paulo, conforme destacamos em Fp. 2.17, demonstrou ser um obreiro que estava disposto a sacrificar a própria vida em prol da obra de Deus. Lembramos que, para esse Apóstolo, o viver era Cristo, por conseguinte, ele não tinha a sua vida por preciosa (Fp. 1.21; At. 20.24). Diferentemente de muitos supostos pastores dos dias atuais, Paulo não buscava seus próprios interesses, antes punha Cristo em foco, e buscava o melhor para o rebanho. Ele sabia o real significado do pastorado, algo que tem sido esquecido pelas gerações modernas, que, no contexto bíblico, sempre esteve associado ao sacrifício (Jo. 10.11-16). Essa é justamente a prova maior do amor, a disposição para entregar a própria vida pelo outro. Por isso somente podem dizer “não vivo eu, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2.10) aqueles que encarnam a condição sacrificial de Cristo, o desprendimento para carregar as marcas da cruz de Cristo. Se preciso fosse Paulo morreria por causa do evangelho de Jesus Cristo, ofereceria sua vida como libação a favor do serviço pelos outros (II Tm. 4.6). E mais ainda, assim o faria não por constrangimento, mas com alegria proveniente do alto, produzida pelo Espírito (Fp. 2.18). Enquanto muitos procuram felicidade nos livros de autoajuda, Paulo nos dá, para este tempo, uma instrução a fim de obtermos a verdadeira alegria. O cristão não é feliz, ele simplesmente é mais do que feliz, é bem-aventurado, independentemente das circunstâncias. A alegria que vem de cima, que parte de Deus, gerada pelo Espírito (Gl. 5.22), é contagiante. Ninguém gosta de estar perto de crentes que somente murmuram e provocam contendas. Paulo, ao invés de desanimar a igreja, estimula a alegria mútua, fundamentada no amor. Precisamos de obreiros com conhecimento bíblico, mas também com amorosos, para não incharem (I Co. 8.3).
2. TIMÓTEO, UM OBREIRO APROVADO
Timóteo, o jovem obreiro do Senhor, foi aprovado por Deus, e escolhido por Paulo. Sabemos, a partir de II Tm. 1.5, que sua mãe e avó eram crentes em Jesus. O próprio Timóteo era conhecedor das Escrituras, por isso não tinha do que se envergonhar, pois manejava bem a Palavra da Verdade (II Tm. 2.15). Mas Timóteo não apenas conhecida a Palavra de Deus, ele a exercitava, principalmente no que tange ao companheirismo ministerial. Timóteo se converteu na primeira viagem missionária de Paulo e uniu-se ao Apóstolo durante sua segunda viagem missionária (At. 16.1,2). Paulo destaca que Timóteo era seu filho na fé (I Tm. 1.2), cooperador na labuta (Rm. 16.21), mensageiro às igrejas (I Ts. 3.6; I Co. 4.17). A competitividade ministerial está distanciando cada vez mais os obreiros uns dos outros. A carência de “Timóteos” já é sentida no contexto pastoral, obreiros servos nos quais se possa confiar nos momentos de adversidade. A disputa por espaços, limitados no sistema eclesiástico institucionalizado, tem gerado desconforto, e até enfermidades entre os obreiros. É triste constatar que até mesmo subterfúgios mundanos estão sendo usados para descredenciar desafetos no ministério. Que Deus levante, nesta geração, verdadeiros “Timóteos”, obreiros simples, em alguns casos jovens (I Tm. 4.12), mesmo tímidos (II Tm. 1.7,8), alguns doentes (I Tm. 5.23), mas que sejam aprovados por Deus (Fp. 2.22), que cuidem dos interesses de Cristo (Fp. 2.21) e da Sua igreja (Fp. 2.20). Paulo elogia Timóteo, dizendo que não tem outra pessoa com “igual sentimento”, isopsychos em grego, isto é, alguém que pensava com Ele, e com Cristo (I Co. 12.15,16). A principal dificuldade dos obreiros do presente é a de encontrarem sucessores, pessoas para as quais eles possam “passar o bastão”. O apadrinhamento ministerial tem sido danoso para a igreja contemporânea. As pessoas estão sendo consagradas não por critérios espirituais, mas pela aproximação com alguma autoridade eclesiástica. Nos tempos de eleições convencionais o interesse por eleitores acaba sobrepujando a de obreiros aprovados, comprometidos com a seara do Senhor. Que Deus, nestes dias difíceis, desperte “Timóteos” para a Sua obra, homens que não busquem status, mas, sobretudo, disposição para servir (Fp. 2.22).
3. EPAFRODITO, UM OBREIRO DEDICADO
Esse valoroso obreiro do Senhor somente é citado na Epístola de Paulo aos Filipenses. Por pouco não se tornou um daqueles obreiros anônimos. Não podemos esquecer que a obra de Deus é feita também por aqueles que trabalham na surdina. Não são poucos aqueles que se gastam em prol do Reino de Deus, que não fazem promoção pessoal dos seus trabalhos. Eles são esquecidos pelas autoridades eclesiásticas, às vezes passam despercebidos na igreja local. Mas Deus, nos altos céus, acompanha a labuta de cada um deles, e em tempo oportuno, reconhecerá tal trabalho (Mt. 25.21). Epafrodito significa “amável” e seu caráter tem tudo a ver com esse nome, pois não media esforços para servir ao Senhor e aos Seus obreiros com amor. Ele foi o portador da Epístola de Paulo aos Filipenses, também levou uma oferta coletada pelos irmãos daquela igreja ao Apóstolo, e com a intensão de assisti-lo na prisão em Roma (Fp. 2.25, 30, 4.18). Paulo destaca algumas características desse obreiro dedicado: irmão, parece um atributo de menor importância, mas essa é a maior qualidade de um obreiro (Fp. 2.25), cooperador, alguém que se coloca à disposição para ajudar (Fp. 2.25), companheiro, alguém que não deixou Paulo sozinho na hora da luta (Fp. 2.25). Mas Epafrodito não era perfeito, tinha suas limitações, como todo obreiro do Senhor. Contrariando a teologia da saúde, que permeia alguns ciclos evangélicos, Epafrodito adoeceu. Não podemos condicionar a espiritualidade do crente à sua saúde física e/ou mental. O Deus da Bíblia é o mesmo, Ele ainda cura hoje, mas soberanamente, às vezes, decide não curar. Epafrodito não apenas adoeceu, ele quase morreu, trazendo preocupação a Paulo. A morte de Epafrodito não entristeceria a Paulo por causa da sua possível partida, mas pelo sacrifício daquele obreiro pela causa do Apóstolo, e da sua distância de casa. A doença de Epafrodito tem um aspecto mental, pois ele “tinha muitas saudades” e estava “muito angustiado” (Fp. 2.26,27). Qualquer obreiro do Senhor pode passar por adversidade, sofrer por motivo de enfermidade, seja ela física ou mental. No caso de Epafrodito, o Senhor restituiu Sua saúde, confortando o coração de Paulo, que o enviou de volta a Filipos. E mais interessante, orientando que Epafrodito não fosse recebido como um desertor, mas com alegria e honra, como um obreiro dedicado à obra do Senhor (Fp. 2.29).
CONCLUSÃO
Três obreiros, três características, que podem ser resumidas em uma palavra: fidelidade. As vidas de Paulo, Timóteo e Epafrodito servem de estímulo aos obreiros desta geração. Que os jovens obreiros possam aprender, a partir desses exemplos, e de tantos outros de obreiros fiéis, a discernir o real significado do ministério cristão. O legado desses obreiros fiéis do Senhor é o amor sacrifical, a aprovação pela Palavra e a dedicação ao serviço.
BIBLIOGRAFIA
BARTH, K. Epistle to the philippians. Louisville: Westminster John Knox Press, 2002.
WIERSBE, W. W. Philippians: be joyfull. Colorado: David Cook, 2008.
| Autor: Prof. José Roberto A. Barbosa
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
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Deus, meu defensor Salmo 4
"O Filho do Homem virá à hora que não imaginais"
"E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo."
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