Pela primeira vez em séculos, nenhum evento foi realizado para comemorar a Páscoa nas igrejas cristãs de Homs, já que o governo sírio infligiu um pesado bombardeio na cidade em resposta às conversações de cessar fogo pelas Nações Unidas
Os planos de negociação para por fim ao combate quase sofre um colapso ontem em meio à violência generalizada e uma nova exigência unilateral do governo pedindo "garantias escritas" de que seus adversários abaixarão as armas.
As três principais igrejas cristãs na cidade de Homs, que até poucos meses atrás era o lar da terceira maior comunidade cristã da Síria, foram praticamente abandonadas. Outras pequenas igrejas foram destruídas e com isso as casas tornaram-se os lugares de culto aos domingos, quando lideres e membros se reúnem em segredo.
"Não há nenhum tipo de celebração. Durante uma semana, não houve sons provenientes de igrejas ou mesquitas ", disse Saleem, um morador da Cidade Velha de Homs, onde a maioria das igrejas estão localizadas.
"As forças governamentais bombardearam a área nesta manhã. É muito perigoso sair de casa ".
Homs na Páscoa costumava ser uma avenida com desfiles coloridos, disse Dima Moussa, membro do Conselho Nacional Sírio, lembrando ainda que, na juventude durante os festivais, visitava sua família em Homs.
"Você podia sentir a Páscoa por toda a cidade. Todo mundo colocava suas melhores roupas, e as crianças desfilavam tocando instrumentos em suas igrejas ", disse Dima.
"É um evento familiar. Todo mundo ia visitar seus parentes, trazendo consigo presentes para as crianças. Meus avós faziam enormes refeições, muitas vezes matavam uma ovelha inteira, para toda a família ".
Duas semanas atrás parentes de Moussa, fugiram de Homs já que as forças do governo começaram a bombardear os bairros cristãos de Hamidiyah e Boustan al-Diwan onde viviam. Vídeos mostram as ruas cheias de escombros e enormes edifícios destruídos por bombas e com buracos de bala.
"As janelas da casa do meu avô foram destruídas pelos bombardeios", disse Moussa. "O regime não se importa mais, se atingem alvos civis, incluindo mesquitas e igrejas."
"Com os bombardeios é muito perigoso ir para a Igreja, ", disse Saif al Arab, um ativista em Homs que afirma estar em contato com os cristãos em seu bairro. "Não há alimento suficiente para eles, de modo que possam comemorar a páscoa como manda a tradição. Isto é mais que uma festa, pois eles se reuniram para orar pelas pessoas que foram atingidas pelos bombardeios ".
No Vaticano, o Papa Bento XVI implorou a Damasco que atenda as exigências internacionais e acabe com o derramamento de sangue. Ele disse: "Sobretudo na Síria, peço que ocorra o fim do derramamento de sangue e um compromisso imediato para o caminho do diálogo, respeito e reconciliação, como solicitado pela comunidade internacional".
Leia o livro CRISTÃOS SECRETOS e saiba mais sobre o cotidiano de cristãos que vivem em países de maioria muçulmana, como o Iraque. Irmão André e Al Jansen; Ed. Vida.
FonteThe Telegraph
TraduçãoMarcelo Peixoto
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