Mais violento dos ataques foi contra
igreja que celebrava missa; grupo
insurgente Boko Haram assume autoria
ABUJA, NIGÉRIA – Radicais islâmicos
lançaram neste domingo, 25, uma
sangrenta onda de atentados na
Nigéria, deixando 39 mortos. A pior
tragédia ocorreu ao final da missa de
Natal em uma igreja de Madala, cidade
perto da capital nigeriana, Abuja. Pelo
menos 35 morreram na explosão de
uma bomba. Outra igreja foi atacada
em Jos, centro da Nigéria. O grupo
radical Boko Haram assumiu a autoria
dos atentados. A ofensiva voltou a
colocar em evidência a crescente
insurgência islâmica contra um frágil
governo central, no mais populoso país
africano.
Em meio a um forte sentimento
nacional de indignação diante da
tragédia, autoridades nigerianas
admitiram que não tinham como levar o
auxílio médico necessário às vítimas do
ataque em Madala. O resgate dos
feridos foi feito com ajuda dos fiéis
da Igreja de Santa Teresa e de
moradores da região. Imagens de TV
mostravam cenas em um hospital da
região onde vítimas em prantos eram
colocadas sobre um chão de cimento,
pouco a pouco coberto por uma densa
poça de sangue. Ao lado, no necrotério,
cadáveres não identificados eram
empilhados.
No ataque à igreja de Jos, um policial
foi atingido por militantes, após a
detonação de um explosivo. O oficial
morreu na hora. Outros dois explosivos
foram encontrados perto da igreja,
mas acabaram desativados.
Ao cair a noite, os ataques
concentraram-se em Damaturu, capital
da Província de Yobe – epicentro dos
confrontos entre o Boko Haram e as
forças nigerianas, onde 61 mortes
foram registradas nas últimas três
semanas.
O pior ataque na cidade foi contra o
prédio do serviço de inteligência da
Nigéria. Um carro-bomba deixou
quatro pessoas mortas. O chefe do
escritório – tido pelas autoridades
como o provável alvo dos militantes –
não está entre as vítimas.
Militância
É a segunda vez que o Boko Haram
lança uma onda de ataques na época do
Natal. No ano passado, a série de
atentados deixou 80 mortos. Em
agosto, o grupo atacou o principal QG
da ONU na Nigéria, deixando 24
mortos e 116 feridos.
No domingo, um porta-voz do grupo,
identificado como Abul-Qaqa,
reivindicou a autoria dos atentados. Ele
deu entrevista ao jornal Daily Trust, o
mais popular entre as comunidades
muçulmanas do norte da Nigéria. O
diário tem sido usado pelo Boko Haram
para assumir atentados e fazer
ameaças a autoridades.
O presidente nigeriano, Goodluck
Jonathan, lamentou os ataques e
prometeu mais firmeza contra o grupo.
"(Os atentados) são uma afronta
injustificável à nossa segurança
coletiva e liberdade", disse.
Com AP
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