sexta-feira, 12 de junho de 2009

NOVO TESTAMENTO


NOVO TESTAMENTO
Nesta série de estudos sobre os livros do Novo Testamento você terá uma breve introdução dos quatro Evangelhos além duma visão da história interbíblica, da formação do cânon do Novo Testamento e da vida, obra e ensino de Jesus.


NOVO TESTAMENTO
I. EMENTA:
A disciplina é constituída de um estudo introdutório ao Novo Testamento em geral e de um estudo comparativo dos quatro evangelhos.
II. OBJETIVO:
O aluno tem uma visão da história interbíblica, da formação do cânon do Novo Testamento e da vida, obra e ensino de Jesus. Ao concluir esta disciplina, o aluno deverá ser capaz de interpretar o conteúdo dos quatro evangelhos de acordo com os princípios expostos durante os estudos.
III. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
Unidade 1 - O fundo Histórico-Geográfico do Novo Testamento
O aluno entende a situação geográfica e os fatos históricos do período interbíblico e do início da era cristã relacionados a formação do cânon do Novo Testamento. Para provar que alcançou tal compreensão, o aluno deverá ser capaz de: Identificar os líderes e movimentos politicos-religiosos do período interbíblico e do início da era cristã e as influências das culturas dessa época na religião judaica e cristã; explicar a origem e o processo de canonização do Novo Testamento.
Unidade 2 - Os Evangelhos - Questões Introdutórias
O aluno entende os problemas subjacentes aos quatros evangelhos. Para provar que alcançou tal entendimento, o aluno devera ser capaz de: Esboçar o esquema do problema sinóptico; identificar os autores, as datas, as fontes, os temas principais, a audiência e o ambiente dos quatro evangelhos.
Unidade 3 - Os Evangelhos - (Texto 1ª parte) Preparo e Inicio do Ministério de Jesus
O aluno entende os acontecimentos preparatórios e iniciais do ministério de Jesus. Para provar que a1cançou tal objetivo, o aluno deverá ser capaz de: Relatar cronologicamente e explicar os fatos relacionados a vida e obra de João Batista e ao nascimento, a infância e ao inicio do ministério de Jesus.
Unidade 4- Os Evangelhos - (Texto 2ª parte) O Grande Ministério de Jesus na Galiléia.
O aluno compreende os eventos e ensinamentos de Jesus durante o chamado "ministério galileu". Para provar que alcançou tal compreensão, o aluno deverá ser capaz de: Identificar os acontecimentos no ministério de Jesus na Galiléia, explicando o texto conforme sua posição no plano de Salvação.
Unidade 5- Os Evangelhos - (Texto 3ª parte ) As retiradas de Jesus e o Ministério da Judéia e Peréia
O aluno compreende os eventos e ensinamentos de Jesus durante esta parte do ministério de Jesus. Para provar que alcançou tal compreensão, o aluno deverá ser capaz de: Identificar os acontecimentos no ministério de Jesus em particular aos discípulos nas retiradas, na Judéia e na Peréia, explicando o texto conforme sua posição no plano de salvação.
Unidade 6 - Os Evangelhos - ( Texto 4ª parte) Ultima semana do Ministério, Crucificação e Ressurreição de Jesus
O aluno compreende os eventos e ensinamentos de Jesus durante a parte final do seu ministério. Para provar que alcançou tal compreensão, o aluno deverá ser capaz de: Identificar os acontecimentos da ultima semana no ministério de Jesus na crucificação e na ressurreição, explicando o texto conforme sua posição no plano de salvação.
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O Período Interbíblico
Este período se desenvolve com as seguintes características:
1. 1. A situação no tempo de Jesus: governo romano, Palestina dividida.
2. 2. A dispersão dos judeus.
3. 3. Cidades, comércio, comunicações.
4. 4. Aramaica e grega = Septuaginta.
5. 5. Exclusivismo judaico.
6. 6. Nova ênfase dada a Torá; Escribismo.
7. 7. O Sinédrio.
8. 8. A sinagoga, a escola.
9. 9. Seitas político-religiosas.
10. 10. Literatura apócrifa.
11. 11. Tradição oral.
12. 12. O fim da idolatria.
13. 13. Ênfase dada aos anjos, aos demônios.
14. 14. Publicanos e "pecadores".
15. 15. Filosofia Judaico-Alexandrina.
16. 16. Apocalíptica.
17. 17. Samaritanos.
18. 18. Ascensão do Judaísmo.
19. 19. Monogamia.
20. 20. Sacerdócio corrupto.
21. 21. Messianismo político.
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I - O PERÍODO BABILÔNICO - 605-536 a.C.
1. 1. Jerusalém é capturada por Nabudoconozor, 605 a.C.
2. 2. Jerusalém é destruída em 587 a.C., e o povo levado(3ª leva){2 Reis 25.20}.
3. 3. Deportações para a Babilônia e depois para o Egito.
4. 4. Um exílio ao invés de um cativeiro.
5. 5. Ascensão da sinagoga.
6. 6. Nova ênfase é dada ao sábado, circuncisão e jejum, com banhos purificadores.
7. 7. Desenvolvimento comercial com intercâmbio de mercadorias, e começavam a substituir ou suplementar a lavoura e a pecuária.
8. 8. Idolatria abandonada.
9. 9. Ascensão do Judaísmo, apesar de certas influências babilônicas e persas.
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II - O PERÍODO MEDO-PERSA - 536-331 a.C.
1. 1. Ciro uniu a Média, Lídia e Pérsia; derrubou a Babilônia.
2. 2. Liberdade para os exilados; mais ou menos 50 mil voltam à Palestina em 3 levas.
1ª) chefiada por Zorobabel, 535 a.C.
2ª) chefiada por Esdras, 458 a.C.
3ª) chefiada por Neemias, 445 a.C.
3. 3. A dedicação do templo, 536 a.C.
4. 4. Reformas estabelecidas: Esdras e Neemias proibiram casamento com estrangeiros; Neemias obrigou os homens a repudiar as mulheres estrangeiras.
5. 5. Exclusivismo judaico: odiavam gentios e samaritanos. Esdras contrariou o liberalismo de Salomão. Cristo reprovou os resultados das reformas de Esdras(Efésios 2.11-16).
6. 6. Idolatria terminada.
7. 7. As doutrinas da imortalidade e ressurreição se tornaram mais claras.
8. 8. Escribismo: nova ênfase é dada à Torá. Escribas, sacerdotes e leigos.
9. 9. Restabelecimento da esperança messiânica.
10. 10. Desenvolvimento da tradição oral.
11. 11. Aramaico se tornou o idioma comercial, o hebraico a língua religiosa.
12. 12. Ascensão dos livros exteriores, apócrifos: Tobias, Judite, Macabeus.
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III - O PERÍODO GRECO-MACEDÔNICO - 331-167 a.C.
1. 1. Alexandre Magno derrotou Dario III em Isso, 333 a.C., e em Arbela, 1 de Outubro, 331 a.C.
2. 2. Flávio Josefo tem uma narrativa elaborada sobre Alexandre, os Judeus e os Samaritanos(veja Josefo, XI-8-1/2).
3. 3. Alexandre morreu em 323 a.C. O Império foi dividido entre cinco generais: Seleuco na Síria; Antígono na Frígia; Ptolomeu Soter no Egito; Lisímaco em Trácia e Bitínia; Casandro na Macedônia e na Grécia.
4. 4. Dispersão voluntária dos judeus por motivo do comércio.
5. 5. Difusão do Helenismo: língua, arte, filosofia, literatura, cultura.
A - OS PTOLOMEUS E O EGITO - 321-198 a.C.
1. 1. Estabelecimento voluntário dos judeus no Egito e em outros lugares.
2. 2. A tradução das Escrituras hebraicas para o grego(LXX ou Septuaginta) começou com Ptolomeu II(Filadelfo), 285-247 a.C. Demetrius Phaleriua era bibliotecário.
3. 3. governo dos Ptolomeus era brando; helenizados inconscientemente.
4. 4. Muitas mudanças de domínio na Palestina entre a Síria e o Egito; finalmente a Palestina ficou sobre o domínio da Síria em 198 a.C.
5. 5. Período obscuro. Lutas constantes, incluindo complicações matrimoniais entre os ptolomeus e os selêucidas. Os judeus pareciam ter autonomia considerável, e receberam Antíoco III em 198 a.C., dando-lhe de bom grado toda a assistência.
B - OS SELÊUCIDAS E A SÍRIA - 198-167 a.C.
1. 1. Antíoco III(O Grande), 323-167 a.C., ganhou o controle de Jerusalém, mas foi derrotado pelos Romanos em Magnésia no ano 190 a.C.
2. 2. Selêuco IV(Filopator), 187-176 a.C., mandou Heliodoro, tesoureiro da Síria, a Jerusalém para roubar a tesouraria do templo. Conforme II Macabeus ele foi milagrosamente desviado do plano; voltou a Antioquia e matou Filopator para reinar, mas foi vencido por Antíoco IV(Epifanes), irmão de Filopator.
3. 3. Epífanes(Antíoco IV), 175-164 a.C.
a. a. Doze anos em Roma como refém; assimilou a cultura grega e o legalismo romano. Substituído em Roma por Demetrius, herdeiro de Seleuco IV. Como rei, pensava estabelecer o politeísmo grego como religião estatal, para unir o Império.
b. b. Onias III, 198-176 a.C. era sumo-sacerdote em Jerusalém. Jason, irmão de Onias era consumado helenista, até no nome. Este pagou um soma considerável pela posição. Menelau, filho de Onias III, foi enviado à Antioquia com o tributo para Epífanes. Ali comprou o lugar para si mesmo.
c. c. Invasão do Egito por Epífanes, bem sucedida; corre em Jerusalém o boato da morte de Epífanes; Jason tenta retomar o sacerdócio de Menelau; Epífanes, julgando que Jerusalém iria se rebelar, deixa o Egito e volta para lá, roubando o santuário e matando 40.000 pessoas em poucos dias.
d. d. Voltando ao Egito - 168 a.C. - encontrou-se com Laenas, o romano. Este mandou que Antíoco terminasse a luta contra o Egito. Voltou a Jerusalém para vingar-se pela perda do Egito. Construiu uma torre perto do templo, chamada Acre ou Apolônio.
e. e. Helenismo é obrigatório para os judeus. Epífanes mata um porco sobre o altar, e depois de assado os judeus foram obrigados a comê-lo. O templo de Jerusalém foi dedicado a Zeus Olímpico: Dezembro de 168 a.C.
f. f. Epífanes decreta uniformidade de culto pagão em todos os termos do seu domínio, e os judeus teriam de submeterem-se às suas ordens ou morrer. Altares construídos em toda a Palestina aos deuses gregos. Foram proibidos os ritualismos segundo a lei mosaica, especialmente a circuncisão, descanso sabático e a observância das festas judaicas. Todos os exemplares do Livro da Lei foram destruídos. Cessou o culto a Jeová no templo, e o rito judaico foi quase exterminado.
1. 1. Livros exteriores:
a. Eclesiástico, ou Sabedoria de Jesus, filho de Sirac; rabinismo palestino.
b. Sabedoria de Salomão; filosofia alexandrina.
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IV - O PERÍODO MACABEU - 167-63 a.C.
1. Matatias, filho de Hasman, sacerdote, deixou Jerusalém, desesperado e foi para Modeína, sua cidade natal.
2. Matou Apeles, comissário de Epífanes, quando este oferecia sacrifício ao deus pagão, e na mesma ocasião matou também um renegado judeu.
3. Cinco filhos o seguiram na revolta: Simão, Judas, Eleazar, João e Jônatas.
4. Os asideanos acercaram-se deles a fim de ajudá-los.
5. Revolta e reforma religiosa.
6. A política dos macabeus(revolta armada e diplomática) e a dos asideanos(confiança em Deus) entraram em conflito, mas os asideanos decidiram lutar no sábado, tratando-se de legítima defesa. Depois de 164 a.C. a discórdia inevitável começou a desenvolver-se entre ambos.
A - JUDAS, O MACABEU - 166 - 161 a.C.
1. Judas, solicitado a comandar os exércitos, tendo Simão por conselheiro. Houve sete campanhas - seis defensivas e uma ofensiva. Judas vitorioso sobre Apolônio, de quem se apoderou da espada, Seron e Lísias.
2. Depois de um massacre no dia de sábado decidiram também lutar nesse dia em legítima defesa.
3. No dia 25 de chisleu de 165 a.C., três anos depois que Epífanes profanou o altar do Senhor com um porco, Judas dedicou o templo de novo(Festa das Luzes).
4. Ganhou a liberdade religiosa, porém, falhou ao conquistar a liberdade política.
5. Judas foi morto na batalha quando o seu exército foi reduzido a 800 homens apenas. Quando lutou pelo poder político apenas não foi aceito.
6. Muitos o deixaram quando propôs à Roma uma aliança contra a Síria, e os asideanos se afastaram.
B - JÔNATAS - 161-143 a.C.
1. Estadista sagaz; ganhou o poder político.
2. Tornou-se Sumo-Sacerdote(153 a.C.) cargo vago durante sete anos depois da morte de Alcimo(162-160 a.C.). Jônatas foi designado por Alexandre Balas, pretenso filho de Epífanes. Daí começou a linhagem dos Príncipes-Sacerdotes da família Hasmoneana.
3. Este fato marca a divisão dos asideanos; logo apareceram os fariseus e saduceus. Josefo faz menção dos fariseus em conexão com Jônatas(XIII-v-9).
C - SIMÃO - 143-135 a.C.
1. Alcançou independência política.
2. No dia 23 de Maio de 142 a.C. a última fortaleza Síria, Acre ou Torre de Apolônio, em Jerusalém, rendeu-se à fome.
3. O povo judeu o elegeu em assembléia governador e sumo-sacerdote, cargo vitalício e hereditário. Foi assassinado pelo genro, Ptolomeu, e mais dois filhos.
D - JOÃO HIRCANO - 135-106 a.C.
1. 1. Período de paz, de reconstrução, expansão e prosperidade. Aliança com Roma.
2. 2. Conquistou Samária, Edom e parte de Moabe.
3. 3. Forçou a prática da religião judaica nos países vencidos. Destruiu o templo samaritano no monte Gerezim, 109 a.C.
4. 4. Os saduceus e fariseus aparecem agora como partidos religiosos definitivamente.
5. 5. Os fariseus pediram-lhe que abandonasse o sacerdócio. Rompeu com os fariseus.
6. 6. Os filhos de Hircano receberam nomes gregos: Aristóbulo I, Antígono e Alexandre Janeu.
E - ARISTÓBULO I - 106-105 a.C.
1. 1. Hircano, antes de morrer, deixou por testamento o reino à sua esposa; e o sacerdócio a Aristóbulo I. Este não estava satisfeito com o sacerdócio; mandou, então, prender a mãe e três irmãos, mantendo-os no cárcere. Permitiu que Antígono, seu irmão, ficasse livre. Publicamente assumiu o título "Rei dos Judeus".
2. 2. A atitude que manteve para com a sua família:
a. a. Manteve a mãe presa, deixando-a morrer de fome no cárcere.
b. b. Permitiu que Salomé, sua esposa, envenenasse a mente contra seu irmão Antígono, levando-o a matá-lo. Salomé deveria casar-se com Antígono depois da morte do marido. Todavia, não desejando fazê-lo planejou esta trama a fim de casar-se com o outro irmão de seu marido que ainda estava preso.
c. c. Subjugou a Ituréia e forçou os cativos a submeterem-se à religião judaica.
F - ALEXANDRE JANEU - 105-78 a.C.
1. Libertado da prisão pela rainha Alexandra Salomé, tornou-se seu marido e rei.
2. Valendo-se da confusão na Síria expandiu seu reino, avançando até Moabe, Galaad, Amom, Gaulonitis e Ptolemaida.
3. Houve uma guerra civil que se estendeu por seis anos. O seu reinado foi cruel. Enquanto assistia a um culto foi alvo de cidras atiradas sobre ele. Vingou-se matando 50 mil pessoas. Durante um banquete crucificou 800 fariseus depois de haver matado diante deles suas esposas e filhos.
4. Quando morria, avisou sua esposa para fazer as pazes com os fariseus.
G - ALEXANDRA SALOMÉ - 78-69 a.C.
1. A "Idade de Ouro do Judaísmo". Idade de paz. Os fariseus prosperam. Irmã do famoso fariseu, Simão Bem Setaque. Pela 1ª vez os fariseus têm permissão para entrar no sinédrio.
2. O nome sinédrio surgiu com autoridade eclesiásticas; logo exigiu autoridade civil.
3. Deixou a coroa civil e o sumo sacerdócio a seu filho, Hircano II.
H - HIRCANO II( 3 meses) e ARISTÓBULO II - 69-63 a.C.
1. 1. Hircano II tinha um temperamento calmo e não queria reinar. Aristóbulo II era ambicioso e o mais forte dos dois. Exigiu o direito de reinar. Chegaram a um acordo pacificamente: Aristóbulo II seria o rei e Hircano o sumo sacerdote.
2. 2. Antipater, da Iduméia, filho de Antipas, fora governador da Iduméia sob Alexandre Janeu. Viu a oportunidade de alcançar o poder, lançando um irmão contra o outro. Serviu-se de Hircano II, porque este era mais fraco do que o outro e poderia ser usado facilmente. Antípater disse a Hircano que a sua vida estava em perigo, e este foge para a Nabatéia, na Arábia Pétrea. Pede ajuda ao rei Aretas, prometendo-lhe doze cidades conquistadas por Alexandre Janeu. Aretas chefiou 50 mil contra Aristóbulo e sitia Jerusalém.
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V – O PERÍODO ROMANO – 63 a.C. – 135 d.C.
1. 1. Os romanos com Pompeu invadiram a Síria e a Palestina. Hircano e Aristóbulo lutam para ganhar o favor de Pompeu. Aristóbulo teme o pior e prepara-se para lutar contra os romanos. Tudo em vão. Pompeu tomou Jerusalém em 63 a.C. Instalou Hircano como sumo sacerdote com poder limitado à Judéia(Josefo XIV-1 a 4). Com isto o poder Macabeu e a independência da Palestina terminaram.
2. 2. Júlio César rompeu com Pompeu. Antípater ajudou-o no Egito. Antígono, filho de Aristóbulo II, apareceu perante César em Roma com acusações contra Antípater. César confirmou Hircano como sumo-sacerdote, e fez Antípater procurador geral da Judéia. Antípater nomeou o seu filho Fasael governador da Judéia e Herodes, também seu filho, governador da Galiléia.
3. 3. Herodes, com 15 anos de idade, assumiu o governo da Galiléia. Liderou o seu exército e expulsou um grande número de bandidos, atraindo a atenção e a amizade do presidente da Síria e parente de César. Os judeus temem Herodes, e ele é intimado a comparecer perante o Sinédrio. Sextus César, presidente da Síria adverte Hircano para livrá-lo de qualquer acusação. Herodes chega com uma guarda imponente, o sinédrio fica amedrontado, e é absolvido(Josefo XIV-9).
4. 4. Enquanto Marco Antônio passava os seus dias alegres com Cleopatra, os partos saquearam Jerusalém, dando o reino a Antígono II, filho de Aristóbulo II, filho de Janeu. Os partos prenderam Hircano II e Fasael; este suicidou-se na prisão, e os partos deceparam as orelhas de Hircano. Herodes foge para Roma, e em poucos dias foi nomeado rei da Judéia por Antônio e Otávio(40 a.C.). O Senado romano declarou Antígono II como inimigo de Roma.
5. 5. Auxiliado pelos romanos Herodes em três anos derrotou Antígono e os partos. Houve longo sítio de Jerusalém, porque os judeus queriam auxiliar Antígono. Herodes aproveitou o período do sítio para casar-se com Mariana(1ª), neta de Hircano II, com quem ficou desposado por cinco anos.
6. 6. A pedido de Herodes, Antígono foi decapitado por ordem de Antônio. Pela primeira vez os romanos decapitam um rei. Foi o último sacerdote-rei macabeu. Herodes agora é o rei. 37 a.C. – 4 a.C. Fez o seguinte:
a. a. Nomeou Anael de Babilônia, um sacerdote obscuro, para ser o sumo-sacerdote.
b. b. Induziu o velho Hircano II a voltar do exílio na Babilônia, Pártia, matando-o em 30 a.C., com 82 anos de idade.
c. c. Alexandra é a sogra de Herodes. Era filha de Hircano II, esposa de Alexandre, filho de Aristóbulo II, o rei. Alexandra tinha dois filhos, um chamado Aristóbulo, famoso pela sua beleza física, e Mariana, também eminente pela sua beleza. Alexandra queria que o seu filho Aristóbulo fosse nomeado sumo-sacerdote em lugar de Anael. Assim foi. Herodes é desconfiado, no entanto, resolve ficar livre do novo sumo-sacerdote. Mandou os seus servos afogar Aristóbulo enquanto tomava banho, o que fizeram.
d. d. Como resultado de muitas intrigas, e influenciado pela própria irmã, Salomé, Herodes manda matar Mariana, e logo depois matou Alexandra também.
e. e. Herodes recebeu o apoio de Antônio depois da matança de Aristóbulo III.
7. Dificuldades entre Herodes e seus filhos:
a. a. Antípater, 1º filho de Herodes com Doris, a 1ª esposa, tramou contra seus irmãos, filhos de Mariana(1ª) Alexandre e Aristóbulo IV, e Herodes mandou enforcá-los em 7 a.C.
b. b. Este mesmo Antípater foi descoberto numa conspiração contra Herodes e foi preso.
c. c. Herodes teve 10 esposas e muitos filhos com ciúmes e tramas entre eles.
d. d. César Augusto certa ocasião mencionou: "prefiro ser o porco de Herodes a ser seu filho".
8. Herodes iniciou a reforma ou reconstrução do templo em Jerusalém no 18º ano do seu reinado.
9. Construções, obras públicas, jogos olímpicos(Josefo XVI-5).
10. Doença e morte de Herodes(Josefo XVII-6-8).
11. O testamento final de Herodes: Arquelau a ser rei da Judéia; Antípas a ser tetrarca da Galiléia e Peréia; Filipe a ser tetrarca de Auranitis, Traconitis, Batanaia, Gaulonitis e Panias.
12. Arquelau foi deposto em 6 d.C., e a Judéia foi feita província de romana, sob o controle do prefeito da Síria.
13. Augusto César foi sucedido por Tibério em 14 d.C.
14. Pôncio Pilatos se tornou procurador da Judéia, 26-36 d.C.
15. Ordem para ser erigida no Santo dos Santos uma estátua colossal do imperador Calígula, 40 d.C. Calígula assassinado, Cláudio lhe sucede, 41 d.C.
16. Morte de Herodes Agripa em Cesaréia, 44 d.C.
17. Os judeus são expulsos de Roma por Cláudio, 52 d.C.
18. Morte de Cláudio, Nero é o sucessor, 54 d.C.
19. Acabamento do "Templo de Herodes", 64 d.C. Roma é incendiada e os cristão acusados.
20. Principia a guerra judaica. Os romanos sob o comando de Vespasiano, 66 d.C.
21. Morte de Nero, meados de Junho, 68 d.C.
22. Queda e destruição de Jerusalém, 70 d.C.
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Síntese da Literatura Bíblica no Período Interbíblico
A literatura foi vasta e de vários tipos: História, ficção, sabedoria, devocional e apocalíptica. Esta literatura surge numa época caracterizada por guerras, revoltas e lutas pela libertação, as vezes coroadas de êxito como também por derrotas humilhantes. Observa-se nesse período intrigas mesquinhas e assassinatos brutais, por um tenaz apego à Lei de Moisés, como também sofrimentos espirituais e repressões e violências físicas. Tal literatura foi agrupada em duas classificações básicas: Apócrifos e Pseudo-epígrafos.
1 – OS APÓCRIFOS = são escritos judaicos surgidos em parte na Palestina e em parte na Diáspora durante o período que vai do terceiro século antes de Cristo até o primeiro século de nossa era. Apócrifo = "aquilo que está oculto" – literatura não inspirada.
São livros não canônicos incorporados à Septuaginta(cânon hebreu) e Vulgata(cânon latino – tradução feita por Jerônimo) e rejeitados pelos judeus e mais tarde pelos protestantes. Estes livros foram incorporados ao cânon depois do Concílio de Trento, em 1546, ter decretado que todos os livros apócrifos, ou seja, Tobias, Judite, Ester, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e acréscimo a Daniel, deveriam ser considerados como livros canônicos. O Antigo Testamento aceito pela Igreja Católica compõe-se de 46 livros. Os sete livros que o diferenciam do cânon protestante, bem como os trechos de Ester e Daniel, chegaram até nós em grego na tradução chamada dos setenta(LXX), destinada aos judeus na Dispersão. O cânon protestante do Antigo Testamento é oriundo da Bíblia hebraica dos judeus da Palestina.
2 – OS PSEUDOEPÍGRAFOS = são escritos judaicos, extrabíblicos, não inspirados inseridos no contexto do Antigo Testamento. Pseudo = falso, Epígrafos = escritos. Só eram estimados dentro de determinados grupos. Surgiram na mesma época dos apócrifos. Os Pseudo-epígrafos não gozaram do mesmo favor que os livros apócrifos pois não foram incluídos em nenhum cânon. Só foram conservados por uma para bem limitada da igreja ocidental durante o período da Idade Média.
No período em que surgiram essas obras ainda não havia um cânon oficial = as Sagradas Escrituras como um grupo fechado. As descobertas dos manuscritos do Mar Morto, provenientes do período que vai de 150 a.C. até 70 d.C, encontradas nas cavernas de Qumran, mostra-nos que naquela época ainda não havia uma distinção rigorosa entre Escritura Sagrada e menos sagrada.
3 – MOTIVOS PARA A SELEÇÃO DOS LIVROS = a) A comunidade judaica se vê diante da necessidade de estabelecer uma delimitação clara em relação aos livros recebidos dos pais antepassados; b) Essa medida fundamenta-se na preocupação de se defender contra a proliferação desordenada da literatura de diversos grupos; c) Preservar os escritos reconhecidamente como inspirados por Deus, dos escritos pagãos e heréticos; d) Reconhecer a autoridade normativa para a fé, bem como o padrão a ser seguido pela comunidade.
4 – O SURGIMENTO DO CÂNON = a palavra cânon(kanwn em grego) significa vara ou régua especialmente usada para manter algo em linha reta. A canonização foi um processo longo e lento. O Antigo e o Novo Testamento foram denominados por Clemente de Alexandria como "Cânon Eclesiástico". Os livros não assumidos no cânon hebraico são denominados deuterocanônicos. A lista dos livros apócrifos é grande, tanto os que pertencem ao AT como os do NT. A Igreja Romana, por decisão do Concílio de Trento(1546), aceitou os seguintes livros: Judite, Tobias, acréscimos a Ester, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, acréscimo a Daniel, 1 e 2 Macabeus, no AT e rejeitou os apócrifos do NT.
JUDITE = este livro foi escrito na versão hebraica. O centro da narrativa é a libertação da cidade de Betúlia sitiada por Holofernes, general de Nabucodonozor, graças ao feito heróico de Judite. Objetivo = descrever uma das situações da grande confrontação entre uma potência mundial, caracterizada pela figura de Nabucodonozor e a comunidade judaica representada pela cidade de Betúlia. O livro apresenta Javé como criador cujo poder se manifesta na história. Javé é aquele que prova o seu povo com tribulações, mas não o entrega aos inimigos enquanto permanecer fiel à Lei.
TOBIAS = a história de Tobias desfrutava de grande popularidade entre os judeus medievais. Por isso o livro passou por traduções hebraicas e aramaicas durante a Idade Média. O texto inicial foi produzido em aramaico e posteriormente traduzido para a língua grega. A narrativa nos mostra um judaísmo que se distingue pela fiel observância da Lei; revela também uma grande influência do Talmude Babilônico quando apresenta pontos de contato com a medicina popular, onde a magia é considerada benéfica e até mesmo recomendada pelo anjo de Deus, e por isso mesmo permitida também a um israelita.
ACRÉSCIMO A ESTER = é possível que esses acréscimos tenham sido escritos originalmente em grego. Tudo indica ser o autor um judeu pertencente a uma colônia da Diáspora de judeus do Egito que habitava em Jerusalém no período de Ptolomeu VIII ou XII.
SABEDORIA = escrito em grego a intenção do livro é conduzir o leitor à verdadeira sabedoria e, conseqüentemente, a uma vida agradável a Javé. Embora o autor se enraíze na sabedoria bíblica, desenvolve as idéias desta última completando-as com as idéias helenísticas. Por exemplo, a da imortalidade ou a opinião segundo a qual uma alma boa é recebida num corpo imaculado(desenvolvida dentro da filosofia estóica).
ECLESIÁSTICO = afirma-se ser este o principal dos apócrifos. Escrito originalmente em hebraico na Septuaginta aparece com o nome de "Sabedoria de Jesus Filho de Sirac". Seu estilo é parecido com o livro canônico de Provérbios. Por isso é classificado dentro da série de obras da literatura sapiencial. Apresenta o Deus de Israel como o condutor da história, o dispensador da sabedoria e o justo juiz.
BARUQUE = o livro só chegou a nós em grego. Os pesquisadores admitem que haja um original em hebraico. Se apresenta como sendo obra do companheiro e escriba do profeta Jeremias. Foi escrito logo após a destruição de Jerusalém pelos babilônios. Revela um caráter apocalíptico através de visões de Baruque.
ACRÉSCIMOS A DANIEL = aparecem na Bíblia grega três acréscimos, admitindo-se que não surgiram ao mesmo tempo. 1º - História de Susana; 2º - Oração dos três jovens lançados na fornalha ardente; 3º Bel e o dragão.
1 e 2 MACABEUS = escritos originalmente em hebraico são narrativas históricas que descrevem de forma clara e penetrante um período de 40 anos ricos de acontecimentos variados. O autor demonstra ser um grande historiador, homem religioso, grande patriota e criterioso. Revela especial predileção por Judas Macabeu. Apesar de ter sido bem mais tarde, o livro de 2 Macabeus, juntamente com o primeiro livro, afora as lendas neles contidas, cobrem o período do governo Sírio sobre a palestina e a atuação da família dos Macabeus junto ao povo judeu.
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A Formação do Cânon do Novo Testamento
Os vinte e sete livros do Novo Testamento provavelmente só foram preservados por se acharem em conexão com as coleções eclesiásticas, e não por terem sido copiados diretamente de originais isolados(1). A história do cânon tenta entender de que modo tais coleções e, finalmente a coleção do Novo Testamento tomaram a forma que possuem(2). Embora os livros do Novo Testamento só tenham chegado até nós como parte de uma coleção aprovada pela igreja, nenhum deles foi incorporado a tal coleção. "Mesmo que já houvesse uma coleção das epístolas paulinas no fim do I século, ela não era encarada como ‘’Sagrada Escritura’"(3). Mas Jesus e o cristianismo primitivo nunca dispensaram a Sagrada Escritura: eles consideravam o Antigo Testamento como as "escrituras", que provinham do judaísmo e que eram citadas em todas as partes do Cânon Vetero-Testamentário. A revelação de Deus fora conservada de forma escrita, como se mostrava evidente para a igreja primitiva bem no início de sua existência.
A história da formação daquilo que é conhecido como o cânon do Novo Testamento é a história da exigência de uma autoridade(4). No final do século I os livros já haviam chegado ao seu destino. Nem todos se tornaram conhecidos por todos os cristãos logo de início. Pelo contrário, é muito provável que alguns dos cristãos primitivos não tivessem visto todos os evangelhos, nem todas as epístolas antes do fim do século. Além disso, muitos evangelhos, atos e epístolas apócrifas circulavam durante o segundo século e foram aceitos por alguns grupos, senão não teriam sequer sobrevivido. A valiosa literatura dos cristãos primitivos que expressavam sua fé e dedicação era preservada pelas congregações em todo o império romano. Esta autoridade canônica repousava sobre o testemunho ocular de doze homens(5).
Para o homem do século vinte, o processo de canonização poderá parecer de lenta evolução; todavia, levando em consideração a dificuldade de se conseguir livros feitos com cópias manuscritas e também a morosidade em se fazer viagens, tal processo foi rápido e extraordinário. O valor, a divina inspiração, a morte das testemunhas oculares, os ensinos de Jesus, tornaram o processo de preservação dos livros mais importante. É neste prisma que desejo esboçar algumas idéias a respeito da formação do cânon do Novo Testamento, não quero promover um tratado sobre o assunto, e por isso procurarei ser breve e objetivo nas abordagens e considerações que visam pesquisá-lo histórica e criticamente.
1. Definição
A palavra Kanwn, significava primitivamente vara ou régua de uma maneira especial era usada para medir algo em linha reta, à semelhança da linha ou régua dos pedreiros e carpinteiros. Passou a significar metaforicamente um padrão(6). Em gramática significava uma regra; em cronologia, uma tabela de datas; em literatura uma lista de obras que podiam ser corretamente atribuídas a um determinado autor. Assim o cânon de Platão refere-se à lista de tratados que podem ser atribuídos à Platão como genuinamente de sua autoria. O processo bíblico pelo qual os livros foram escolhidos é então chamado de canonização.
Os cânones literários são importantes, porque só as obras literárias genuínas de um autor podem revelar o seu pensamento. Num embate entre as heresias, as literaturas pagãs e as doutrinas defendidas pela igreja surge então a necessidade de serem avaliados os livros ou escritos que circulavam no contexto clerical. Sendo assim a palavra cânon passou a denotar o conteúdo das escrituras. "Cânon, finalmente, é o corpo de escritos havidos por únicos possuídos de autoridade normativa para a fé cristã, em contraste com escritos que não o são ainda que contemporâneos"(7).
2. O Critério Canônico
Moule nos sugere que: "se perguntarmos quais os critérios que a igreja, conscientemente, havia aplicado para provar a autenticidade dos seus escritos, descobriremos que tais critérios são determinados pela controvérsia com heréticos e incrédulos"(8). A controvérsia com os grupos heréticos logo após a morte dos apóstolos, foi um fator que resultou no interesse da igreja em possuir uma literatura autorizada. Documentos que fossem fidedignos , que estivessem acima das mudanças, isto é, que fossem incorruptíveis. Pois a igreja que se desenvolvia e se expandia precisava de uma liderança em questões de fé e de prática. Deus resolveu a problemática por meio do Espírito Santo, o Espírito da verdade, que guiou os apóstolos e a igreja em desenvolver e canonizar a palavra inspirada e autorizada. Em resumos o processo foi o seguinte: os livros que chamamos de Novo Testamento foram escritos; eles foram amplamente lidos; foram aceitos pelas igrejas como úteis para a vida e a doutrina; foram introduzidos na adoração pública da igreja; ganharam aceitação através de toda a igreja e não apenas das congregações locais; e foram oficialmente aprovados mediante decisão formal da igreja(9). Porém, a igreja estabeleceu alguns critérios(10) para selecionar os escritos, dentre os quais destacaremos:
A APOSTOLICIDADE: O material em consideração pela comunidade eclesiástica deveria ter sido redigido por um dos doze que conviveram com Jesus. "O livro deveria ter sido escrito por um apóstolo ou baseado em seu testemunho ocular. Os apóstolos eram tanto testemunhas oculares pessoais do ministério de Cristo como os primeiros líderes da Sua igreja"(11). Assim sendo o testemunho deles tornou-se a primeira autoridade nesta nova comunidade de fé. Já que estes ficaram com a responsabilidade de instruir os novos discípulos seu testemunho deveria ser aceito pela igreja como possuindo a autoridade de Jesus. Logo os seus escritos deveriam ser aceitos. Se o escrito procedesse de alguém que não estivesse no grupo dos doze mas que tivesse alguma relação com estes seria aceito. "Quanto aos evangelhos, estes deveriam manter o padrão apostólico de doutrinas particularmente com referência à encarnação e ser na realidade um evangelho e não porções de evangelhos, como tantos que circulavam naquele tempo"(12).
A CATOLICIDADE: Este fator envolve a circulação, o uso e a aceitação do livro. Já que não era fácil comprovar a autenticidade apostólica, esta característica auxiliou e muito a confecção do Cânon. "Os autores tinham no geral seguidores em sua igreja e comunidade, mas só os livros usados pela igreja inteira vieram a ser incluídos no Cânon. Como os pastores e membros das várias congregações se comunicavam entre si, os livros mais usados se tornaram obviamente conhecidos"(13). Como nem sempre era fácil demonstrar a autenticidade apostólica do documento, nem mesmo sua derivação, o critério do uso e circulação veio colaborar na aferição canônica. Existe a probabilidade de que certos escritos foram aceitos e circularam tendo a autoridade antes mesmo de possuir qualquer tipo de relação com o grupo apostólico(14).
A ORTODOXIA: Esta também era um importante fator na questão da seleção. nos relatos, livros escritos que para serem canonizados deveriam possuir no seu bojo um conteúdo doutrinário cristalino. Nenhum dos escritos que concorriam a uma aceitação canônica poderia contrariar àquela ortodoxia característica das primeiras décadas(15). Isto possibilitou a igreja a expor e repudiar as grandes heresias dos primeiros séculos e preservar a pureza do Evangelho. E quando havia erros ou obscuridades nos escritos estes eram tirados da lista canônica.
INSPIRAÇÃO: A última prova para canonizar era a inspiração. Os livros escolhidos davam evidências de serem divinamente inspirados e autorizados. O Espírito Santo guiou a igreja para que ela discernisse entre a literatura religiosa genuína e a falsa. Houve a necessidade de um certo período de tempo para se concretizar.
3. Os Primeiros Escritos
Os doze apóstolos eram o cânon e o foram enquanto viveram, já que a comunidade cristã dos primórdios preferia a mensagem proferida oralmente por aquelas pessoas que testificaram, estando presentes e participantes do ministério de Jesus. "Bem cedo na história da comunidade cristã, quem sabe ainda dentro da quarta década do primeiro século, surgiram os primeiros escritos que seriam a semente onde o Novo Testamento procede. Eram documentos rudimentares, escritos provavelmente em aramaico, sendo que os testemunhos teriam de ser em hebraico. Esses testemunhos eram textos do Antigo Testamento catalogados pelos primitivos missionários com a finalidade de provar o caráter messiânico da encarnação, ministério, morte e ressurreição de Cristo. Muito destas listas de textos provas serviu à composição dos evangelhos. O discurso de Estevão em Atos revela a influência destas listas organizadas. O cânon para a escolha desses textos eram naturalmente os apóstolos"(16).
A necessidade de se responder as dúvidas e dificuldades de algumas igrejas e de alguns líderes, promoveu o surgimento de cartas e tratados dos apóstolos orientando-os na forma de agir. Tendo como precursor Marcos inicia-se a produção dos Evangelhos canônicos e série extensas de apócrifos, entre os quais alguns são conhecidos(17). Em nenhuma das circunstâncias houve a intenção de suplementar o Antigo Testamento que eram as Escrituras. E as coleções a respeito de Jesus, repleta de parábolas e narrativas, foram copiadas muitas vezes e entregues às várias congregações para serem lidas. "Nenhum livro seria admitido para a leitura pública na igreja se não possuísse características próprias. Muitos outros livros circulavam quando Mateus começou a ser usado pelos cristãos(18). Estas compilações acrescentaram o número de material evangélico. No entanto o testemunho vivo dos apóstolos era o mais preferido.
4. O Surgimento de um Cânon
A coletânea dos textos cristãos primitivos que estava começando a ser feita trouxe um estímulo à evolução desse processo. Muito provavelmente, no fim do século I já havia uma coleção das dez epístolas de Paulo. De concreto sabemos que uma coleção de dez epístolas paulinas só aparecem claramente confirmada com Marcião, por volta do ano 140, mas é bem pouco provável que Marcião tenha sido o primeiro a reunir tais epístolas. O cânon de Marcião foi o primeiro a ser adotado por um grupo de seguidores de Marcião(19). O cânon de Marcião provocou uma reação violenta no seio da igreja. "Como é natural, a igreja nunca aceitou o cânon de Marcião como legítimo, Este falso cânon levantou, porém, duas questões. Primeira, que livros eram legitimamente a palavra de Deus? E segunda, como a igreja poderia proteger o uso errado das cartas de Paulo, como aconteceu com Marcião, no futuro? Para resolver a primeira pergunta os líderes da igreja começaram a estudar a questão do cânon. Para tratar da segunda, as igrejas começaram a colocar Atos antes das epístolas de Paulo"(20).
O fato de rejeitar certos livros mostrava que tinham sido considerados como revestidos de autoridade no tempo de Marcião e os oponentes deste acorreram em defesa dos livros que ele rejeitava. Irineu atacou-o(21), e Tertuliano escreveu cinco livros contra os seus erros. A organização arbitrária de um cânon por Marcião mostrou que: os livros aceitos deviam ser considerados como autênticos; e que aqueles que rejeitara eram aceitos como canônicos pelos cristãos em geral. Por volta de 150 A.D. a igreja não tinha o seu cânon formalmente expresso; contudo, referências prévias mostraram que a maioria dos livros do Novo Testamento estava praticamente em uso da Síria, na Ásia Menor e em Roma; já na metade do século II, a força do cristianismo se havia transferido para Roma, a cidade imperial. Os ensinos heréticos de Marcião, sua adoção de um cânon e a popularidade dos seus ensinos poderiam ter forçado a igreja a reconhecer formalmente um Cânon.
O cânon Muratoriano(22) embora seja um documento fragmentário revela que já havia uma lista do Novo Testamento, provavelmente em oposição ao cânon herético de Marcião. O Cânon muratoriano omite Tiago, 1 e 2 Pedro e Hebreus, o próprio manuscrito não é mais antigo do que o século VII, mas o seu conteúdo pertence provavelmente ao último terço do século II, cerca de 170 d.C. O fragmento muratoriano representa uma coleção oficial de livros que difere do Novo Testamento atual apenas pela exclusão de quatro e a inclusão de um. Nomes como Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria são mencionados pela história da igreja como defensores de um Cânon do Novo Testamento. "Os três grandes teólogos do fim do século II, pois, reconhecem um Novo Testamento que contém os quatro evangelhos e uma parte apostólica, a qual pertencem incontestavelmente as 13 epístolas de Paulo, os Atos dos apóstolos, a 1 carta de Pedro, a 1 carta de João e o Apocalipse, ao passo que a canonicidade das cartas gerais e Hebreus não estavam determinadas, e ocasionalmente outros escritos eram encarados e abordados canônicos(23). Vale salientar que uma outra lista foi preparada por Cirilo de Jerusalém contendo todos os livros atuais do Novo Testamento com exceção de Apocalipse(24). O Cânon do Novo Testamento que obteve finalmente a aprovação em toda a igreja foi estabelecido por Atanásio, bispo de Alexandria, em 367 A.D. que em sua carta pascal(25) desse ano fez uma declaração importante para a história do Novo Testamento. Esta lista foi mais tarde aprovada pelos concílios da igreja reunidos em Hippo Regius em 393 e Cártago em 397, e permanece sendo o cânon do Novo Testamento hoje. O que os concílios da igreja fizeram não foi impor algo novo sobre as comunidades cristãs, mas codificar o que já era a prática geral daquelas comunidades(26). Para Barclay a "Bíblia e os livros da Bíblia vieram a ser considerados como a palavra inspirada de Deus, não em vista de qualquer decisão de qualquer Sínodo, Concílio, Comitê ou igreja, mas porque neles a humanidade encontrou Deus(27).
5. A Conclusão do Cânon do Novo Testamento
O cânon, lista dos volumes pertencentes a um livro autorizado, surgiu como um reforço à garantia centralizada no bispo e à fé expressa num credo. As pessoas, equivocadamente, supõem que o cânon é uma lista de livros sagrados vindos diretamente dos céus ou, imaginam que o cânon foi estabelecido pelos concílios eclesiásticos. Não foi assim, pois os vários concílios que se pronunciaram a respeito do problema do cânon do Novo Testamento apenas o tornavam públicos, porque já tinham sido aceitos amplamente pela consciência da igreja. A história do cânon estava concluída no Ocidente no começo do século quinto, cem anos mais cedo que no Oriente.
É evidente que nem todos os livros do atual Novo Testamento eram conhecidos ou aceitos por todas as igrejas do Oriente e do Ocidente durante os primeiros quatro séculos da era cristã. As variações do cânon eram devidas a condições e interesse locais. O cânon existente surgiu de um vasto corpo de tradição oral e escrita e de especulação, e impôs-se às igrejas devido a sua autenticidade e poder dinâmico inerentes. Sendo portanto um fruto do emprego de vários escritos que provavam o seu mérito e a sua unidade pelo seu dinamismo interno. Alguns foram reconhecidos mais lentamente do que os outros devido ao seu pouco tamanho ou devido ao caráter remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao anonimato no tocante a autoria, ou falta de aplicabilidade as necessidades da igreja naquele período. Porém, nenhum desses fatores trabalham contra a inspiração divina destes livros ou contra o seu direito de possuir um lugar na palavra autorizada do Deus Todo-Poderoso.
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A ORIGEM DA LITERATURA DO NOVO TESTAMENTO
INTRODUÇÃO
Jesus nunca escreveu qualquer livro. Seus apóstolos escreveram quatro narrativas de sua vida, chamadas Evangelhos. A de Lucas continua em Atos dos Apóstolos, onde e narrada a difusão da historia de Cristo a varias partes do Império Romano. O apostolo Paulo escreveu nove epístolas ou cartas as igrejas. Escreveu quatro para indivíduos, que continham também mensagens para as igrejas, transmitindo a esperança que ha em Cristo e proporcionando instruções aos gentios a respeito da conduta cristã. Oito epistolas gerais deram instruções aos cristãos, que se defrontavam com varias circunstâncias. O livro da Revelação ou o Apocalipse enfeixa o corpo da literatura que se chama Novo Testamento. Os quatro primeiros livros expõem a vida de Cristo, e os 23 restantes apresentam as interpretações doutrinarias de sua vida, as implicações praticas para a vida e serviços diários e a esperança eterna que Cristo oferece.
Vinte e sete livros foram escritos originalmente sobre a vida de Cristo. Desde essa época já se escreveram milhares de livros para explicar o sentido dos 27. Apesar do fato de que Cristo nunca escreveu nem sequer um livro, todavia, sua vida se tornou a fonte de muitas bibliotecas. A origem dos 27 livros inspirados do Novo Testamento e o que nos interessa nesta lição.
FUNDAMENTO HISTÓRICO DA LITERATURA DO NOVO TESTAMENTO
O desenvolvimento da literatura do Novo Testamento pode ser melhor compreendido se for relacionado a importantes acontecimentos históricos.
A.D. 30 = A crucificação de Jesus(as datas sugeridas variam de A.D. 27 a 33).
A.D. 34 = A conversão de Paulo(as datas sugeridas variam de A.D. 33 a 36).
A.D. 41-44 = A morte de Tiago e Herodes Agripa I e a prisão de Pedro(Atos 12).
A.D. 46-48 = A primeira viagem missionária de Paulo(Atos 13.4 e ss.).
A.D. 49 = A Conferencia de Jerusalém(Atos 15).
A.D. 50-52 = A segunda viagem missionária de Paulo. Passou muito tempo em Corinto(Atos 18).
A.D. 53-57 = A terceira viagem missionária de Paulo. Passou três anos em Éfeso (Atos 19).
A.D. 58 = A volta de Paulo a Jerusalém e sua prisão(Atos 21).
A.D. 58-60 = A prisão de Paulo e julgamentos em Cesaréia até que Festo tornou-se procurador no ano 60 A.D. A sua transferência para Roma para ser julgado perante César.
A.D. 60-62 = A prisão de Paulo em Roma(Atos 28.30).
A.D. 64 = Nero incendeia Roma e acusa falsamente os cristãos. Provável morte de Paulo.
A.D. 66-70 = A rebelião judaica contra o governo romano e a destruição Jerusalém e do Templo. A perseguição romana aos judeus e morte de muitos cristãos poderão ter animado o registro permanente da vida e do ministério de Jesus
A.D. 81-96 = O governo do Imperador Domiciano, durante o qual os cristãos foram perseguidos severamente. Talvez João tenha escrito o Apocalipse nesse tempo para encorajar os cristãos.
A ORIGEM DOS EVANGELHOS
As Atividades de Jesus: Apesar de Jesus ter realizado muitas curas de enfermos, sua principal atividade era de ensinar seus discípulos. Seus milagres provaram que ele possuía o poder de Deus; portanto, deram a evidência de que o Reino estava próximo. Seus ensinos enfatizaram o novo conceito de que a vitória no Reino se manifesta mediante o sofrimento e a morte do Rei. E apresentou suas exigências aos cidadãos do Reino e qualidade de serviços que seus discípulos teriam que prestar. Seus ensinos eram profundamente significativos e foram consideravelmente entesourados por seus discípulos depois de sua morte.
A Incompreensão dos Discípulos: Os discípulos de Jesus tinham dificuldades em entender os novos conceitos de Jesus sobre o Reino. Eram homens de sua época e que esperavam um Messias político, vitorioso. A incompreensão de Pedro se revelou em ter rejeitado a declaração de Jesus sobre sua Paixão, depois da grande confissão em Cesaréia de Filipe (Mateus l6.22), por sua inveja de João e Tiago, que pediram posições especiais no Reino(Marcos 24), por ter negado Jesus quando no tribunal(Mateus 26.69 e ss.) e por seu inquérito sobre a restauração do Reino, exatamente pouco antes da ascensão de Jesus(Atos 1.6). Pedro provavelmente representou o pensamento de todos os discípulos ma maioria dessas ocasiões.
A Iluminação do Espírito Santo: De acordo com João 16.13, Jesus prometeu a vinda do Espírito Santo para guiar os discípulos no conhecimento de toda a verdade. Pedro explicou que depois da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes havia chegado a Nova Era do Reino(Atos 2.1e ss.). Jesus não estava mais presente fisicamente com seus discípulos, todavia, suas palavras tomaram nova significação para eles no dia de Pentecostes
A Ênfase Primitiva da Igreja: Na medida em que Jesus se afastava de seus discípulos, na ascensão, dois homens lhes apareceram e perguntaram: Por que estais olhando para os céus? Este mesmo Jesus que dentre vos foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir(Atos 1.11). Na base desta mensagem e dos ensinos de Jesus, os discípulos não esperavam um período prolongado antes da volta de Jesus. Depois que receberam a plenitude do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, eles se compenetraram da urgência da tarefa delegada por Jesus para que se pregasse o evangelho em todo o mundo. Sua morte tornou-se compreensível como a provisão redentora para os pecados do homem. Sua ressurreição possibilitou a continuação de sua presença e poder espiritual na edificação do Reino.
O Período de Transmissão Oral: A ênfase primitiva dos apóstolos era negar o evangelho, e não registrá-lo(Atos 2.14 e ss.; 6.4). Utilizaram duas fontes para provar os judeus que Jesus era o Messias: 1. Seu testemunho de experiências pessoais, inclusive o que eles tinham visto Jesus fazer. 2. As escrituras do Velho Testamento, em primeiro lugar Isaías 40 e versos que seguem, que prediziam o sofrimento e a morte do Servo escolhido de Deus. A Igreja Primitiva mostrou relutância em escrever seus ensinos, por várias razões: 1. Os cristãos primitivos esperavam um retorno de Cristo; portanto, despendiam seu tempo na proclamação do evangelho. 2. Preferiam falar pessoalmente, a escrever(2 João 12). 3. Os discípulos de Jesus foram escolhidos entre um grupo não literário da sociedade. 4. Os rabinos preservaram seus ensinos oralmente e Jesus nada escreveu. 5. Os apóstolos que tinham sido testemunhas oculares de Jesus estavam disponíveis enquanto o evangelho não se espalhasse além da Judéia.
Parece que se passaram aproximadamente 30 anos depois da morte e ressurreição de Jesus, e então, os primeiros Evangelhos foram registrados, pelo menos na forma em que os temos agora. Este é o período que os eruditos classificam de Período Oral. Sugerem que as narrativas dos ensinos e atividades de Jesus se revestiram de características que se tornaram mais fáceis de serem transmitidas oralmente. A escola da crítica-da-forma procurou identificar pequenas unidades, que foram transmitidas oralmente e foram mais tarde registradas nos Evangelhos. Indicam declarações tais como - "E sucedeu que..." no Evangelho de Marcos para fundamentar seu ponto de vista, afirmando que o autor de Marcos empregou estas frases para unir as unidades orais menores. Os críticos da forma procuraram também definir a situação na vida da comunidade, que causava o desenvolvimento de uma certa forma de unidade. Por exemplo, Mateus 28.19 está identificado como urna fórmula batismal, isto é, as palavras particulares foram mencionadas nos serviços batismais. Guthrie observa que a escola da crítica-da-forma erra, por dar ênfase a comunidade criada pelo evangelho, em vez de ao evangelho que cria a comunidade(28).
Parece razoável concluir que o ensino oral era o meio principal de comunicar as tradições cristãs durante o período de 3) anos. Os materiais de escrita eram dispendiosos, e o método de copiar a mão era um tanto vagaroso. A preponderância da transmissão oral, contudo, não impediu as produções literárias.
A Origem dos Escritos: Dois eventos enfatizaram a necessidade de narrativas escritas sobre a vida e os ensinos de Jesus: 1. A morte dos apóstolos ameaçava destruir a fonte dos ensinos autênticos. 2. A difusão do evangelho aos gentios, que não tinham um conhecimento profundo do Velho Testamento, exigiu um ensino permanente e autorizado.
A Forma Mais Primitiva do Evangelho: Um exemplo primitivo da mensagem que os apóstolos pregavam se encontra no sermão de Pedro no dia de Pentecostes: 1. Jesus e o cumprimento da profecia do Velho Testamento. 2. Com sua vinda as profecias messiânicas cumpriram-se e começou a Nova Era. 3. Ele e o descendente prometido de Davi aprovado por Deus, por suas maravilhas e poderosos trabalhos, crucificado, ressuscitado e exaltado à mão direita Deus. 4. Ele voltará para julgar a humanidade e realizar seu Reino. 5. A salvação e pela fé em seu nome. A mensagem apostólica era baseada nos ensinos e nas atividades de Jesus.
REGISTRO DO EVANGELHO MAIS ANTIGO
Fontes Propostas dos Evangelhos: Em virtude de muitos versos nos três primeiros Evangelhos(os sinóticos) serem idênticos, eruditos, por muitos anos, têm debatido o seu relacionamento. O ponto de vista preponderante, na atualidade, e que o Evangelho de Marcos foi escrito primeiro, e Mateus e Lucas usaram Marcos como fonte para os seus Evangelhos. Visto que Mateus e Lucas são mais extensos que o Evangelho de Marcos, e claro que eles contém materiais que não se encontra em Marcos. Mateus contém material que não se encontra em Lucas e Lucas contém material que não se encontra em Marcos. Mateus e Lucas contém ambos algum material idêntico, que não se encontra em Marcos. Como resultado do trabalho de B. H. Streeter, a maioria dos eruditos contemporâneos aceita a teoria dos 4 documentos, que são: 1. Marcos foi escrito primeiro e foi usa por Mateus e Lucas. 2. Q(de Quelle, origem, fonte em alemão) era uma fonte que supriu os ensinos ou as atividades de Jesus e que são comuns a Mateus e Lucas, mas não se encontram em Marcos. 3. L era uma fonte usada por Lucas para seu material especial. 4. M era uma fonte usada por Mateus para seu material especial.
A Origem do Evangelho de Mateus: A tradição atribuiu o Evangelho de Mateus ao apóstolo Mateus. Os críticos das fontes concluíram que o apóstolo Mateus não poderia ser o autor do livro que leva seu nome porque ele dependia de outras fontes. Um apóstolo estaria habilitado a prover um relato ocular dos ensinos e atividades de Jesus. Os críticos hoje em dia admitem que seja permissível atribuir o material especial encontrado no primeiro evangelho a Mateus.
A Origem do Evangelho de Marcos: Quando Paulo e Barnabé partiram na primeira viagem missionária(A.D. 46) levaram João Marcos como seu auxiliar. Pregaram aos judeus e gentios os primeiros gentios convertidos eram prosélitos do judaísmo e conheciam algo das leis do Velho Testamento(Atos 13.43). Depois que eles pregaram aos judeus e gentios prosélitos, no sábado seguinte "veio quase toda a cidade ouvir a palavra de Deus. Mas quando Os judeus viram as multidões, se encheram de inveja, e falaram contra aquelas coisas que Paulo doutrinava, contradizendo e blasfemando"(Atos 13.44,45). Depois que Paulo e Barnabé foram rejeitados pelos judeus, eles se voltaram para os gentios, aqueles que não tinham fundamento no Antigo Testamento. Assim que se convenceram de que Jesus era o Salvador, tinham que ser ensinados ou instruídos a respeito da vida dos cidadãos do Reino. Precisavam conhecer os ensinos e atividades de Jesus. Provavelmente urna das tarefas de João Marcos seria servir como professor na instrução aos novos convertidos.
Visto que os materiais de escrita eram caros e a cópia feita a mão era difícil, a maioria dos novos cristãos nunca tinham urna cópia dos ensinos de Jesus. Conheciam sua vida e seus ensinos somente pela memória. Essa era a realidade tanto para os judeus como para os gentios. O Evangelho de Marcos tem características que indicam que pode ter sido o relato da vida e dos ensinos de Jesus usado para ensinar os novos convertidos. o Evangelho tem divisões naturais que sugerem ter sido ensinado em seções. A linguagem e vívida e a história se desenvolve rapidamente. Marcos não inclui os ensinos mais complicados de Jesus que aparecem em Mateus e Lucas.
Marcos tivera oportunidade de se associar a Pedro, uma testemunha ocular da vida de Jesus. Eusébio cita o Bispo de Hierápolis(140 A.D.), Papias, escrevendo afirmou: "Isto também o Presbítero costumava dizer: Marcos, tendo se tornado intérprete de Pedro, escreveu lucidamente, apesar de não o fazer em ordem, tudo de que se lembrava dos ensinos ou das ações de Jesus". Papias continuou afirmando que Marcos não era nem ouvinte, nem seguidor do Senhor. Portanto, sua narrativa estaria na dependência de uma testemunha ocular. Muitos eruditos demonstraram que Marcos contém a doutrina Petrina de Cristo.
Alguns eruditos notaram a ausência dos sinais da perspectiva judaico-cristã que observaram no Evangelho de Mateus. Visto que Pedro era apóstolo aos judeus, poderíamos supor que o Evangelho de Marcos faz transparecer qualquer preconceito judaico. Guthrie e outros estudiosos proclamam que Marcos e um Evangelho aos gentios. Uma revisão da história de Marcos deve resolver o problema.
Marcos recebeu informações autênticas sobre Jesus por meio de Pedro. Em virtude de Paulo e Barnabé não terem sido testemunhas oculares de Cristo, precisavam de alguém qualificado corno ministro da palavra para acompanhá-los em suas viagens missionárias. Lucas iniciou seu Evangelho declarando que as tradições que ele incluía procediam daqueles que tinham sido, desde o começo, testemunhas oculares e "ministros da palavra"(Lucas 1.2). Os "ministros da palavra" parecem ter tido a responsabilidade de ensinar os novos convertidos nas igreja que se expandia - de ensinar a respeito da vida e doutrina de Cristo. Marcos foi descrito com a mesma palavra "ministros" em Atos 13.5. Sua associação com Paulo e Barnabé na obra missionária aos gentios teria sido a de ensinar os novos convertidos.
É possível que João Marcos tivesse anotações sobre os ensinos de Jesus, extraídas dos sermões de Pedro. Paulo teria dependido muito de Marcos, a fim de conseguir relatos básicos da vida e dos ensinos de Jesus. Esses ensinos básicos provavelmente Paulo os transmitiu as igrejas que fundara no mundo gentio. Um documento escrito por Marcos sobre a vida e os ensinos de Jesus pode ter sido colocado na Igreja em Roma entre os anos 55 a 60 A.D. Irineu, no ano 180 A.D., escreveu: "E depois da morte(talvez partida) destes(Pedro e Paulo), Marcos, o discípulo intérprete de Pedro, também nos entregou notas escritas sobre as coisas pregadas por Pedro." Clemente, de Alexandria(no ano 200 A.D.), afirmou que Marcos deixou um Evangelho escrito com a Igreja em Roma.
A Origem do Evangelho de Lucas: No prefácio do Evangelho de Lucas, o autor apresenta algumas informações sobre seu método em escrever o Evangelho de sua autoria. Afirmou que desejava dar uma narrativa ordenada e precisa do evangelho. Consultou aqueles "que desde o começo foram testemunhas oculares e ministros da palavra"(Lucas 1.2). Não é somente possível, mas provável que Lucas, sendo companheiro de Paulo, tivesse acesso as notas e informações de Marcos sobre a vida e Os ensinos de Jesus. Talvez Marcos fosse um dos "ministros da palavra" a quem Lucas faz referência em seu Evangelho. Lucas acrescentou ensinos adicionais àqueles que recebera das testemunhas oculares. Tem-se a impressão de que seu Evangelho fora escrito como luzes de várias fontes, para proporcionar uma narrativa completa sobre a vida de Cristo para o mundo dos gentios, cujo conhecimento do Velho Testamento era assaz precário.
Os Registros Mais Antigos: É bem razoável ajuizar que, após a morte de Jesus, Os apóstolos que, porventura, permaneceram em Jerusalém compartilhassem com outros aquilo que se lembravam dos ensinos de Jesus. Esses ensinos sem dúvida, teriam sido avivados logo depois do dia de Pentecostes. A pregação dos apóstolos não deveria se limitar as palavras exatas de Jesus, mas a fonte original teria sido acessível a Pedro, bem como a Mateus. O livro de Atos afirma que os apóstolos permaneceram em Jerusalém por muitos anos. Isto significa evidentemente, que seu trabalho seria com os judeus ao passo que Lucas e Marcos, associados a Paulo, iriam para a obra missionária entre os gentios. A perspectiva do Evangelho de Mateus revela que Mateus procurou convencer os judeus a aceitar a Cristo como o Messias, através das citações freqüentes as Escrituras do Velho Testamento. Seu evangelho não nega que Jesus seja o Senhor de todo o universo, mas ele faz um apelo especial aos leitores judaicos. Pedro aparentemente, era o principal orador entre os discípulos, para atrair os judeus, mas não era necessariamente o escritor. Mateus, o coletor público, talvez fosse o elemento melhor preparado, como escriba, para guardar os registros de documentos do que qualquer outro apóstolo.
Depois do dia de Pentecostes, os apóstolos continuaram juntos em Jerusalém e "perseveraram na doutrina dos apóstolos"(Atos 2.42). É claro que os apóstolos estavam ensinando os discípulos e os novos convertidos sobre a vida e doutrina de Jesus. proclamação de Pedro no dia de Pentecostes representaria a ênfase da pregação pública, mas os sermões eram baseados em mensagens definitivas de Jesus, as quais poderiam ter sido registradas. O objetivo dos sermões era explicar o sentido da vida e dos ensinos de Jesus.
O EVANGELHO DE JOAO
O Evangelho de João difere consideravelmente dos sinóticos. Apesar do fato de que todos os quatro Evangelhos apresentam uma interpretação teológica e histórica, contudo, o Evangelho de João proporciona uma ênfase maior sobre os ensinos de Jesus. Clemente de Alexandria declara: "Mas João, finalmente... sendo encorajado pelos seus amigos e movido pelo Espírito, escreveu um Evangelho espiritual(29)." Clemente deu a entender que João conhecia os sinóticos, mas resolveu não repeti-los. Escreveu, sim, para suplementar os sinóticos, abordando, com ênfase a natureza divina de Jesus. O propósito estabelecido pelo autor foi: "para que possais crer que Jesus e o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, possais ter a vida, mediante seu nome"(João 20.31). Aos seus contemporâneos judeus a expressão "o Cristo" daria ênfase de que Jesus e o ungido de Deus. Aos gentios, "o Filho de Deus" enfatizaria sua natureza divina.
O Evangelho de João veio a lume mais tarde que os sinóticos. A maioria dos eruditos não o dataria antes que o ano 85 A.D. Em virtude de Jerusalém e o Templo terem sido destruídos pelos romanos, no ano 70 A.D. A Igreja e a atividade apostólica deixaram de centralizar-se em Jerusalém. João foi para Éfeso antes ou posteriormente a destruição de Jerusalém. Muitos judeus e gentios ficaram, então, na mira de seus escritos evangelizantes. João partilhou a alegria do evangelho de Cristo com aqueles que experimentaram a inoperância das religiões de mistério, gnosticismo e judaísmo legalístico, em solucionar suas necessidades espirituais.
Alguns eruditos duvidam que João, o pescador, chamado por Jesus para ser apóstolo pudesse produzir a literatura do quarto Evangelho. Deveríamos nos lembrar de que João era muito jovem quando Jesus o chamou para ser discípulo. João não era ignorante, mas não tinha privado nas escolas e tradições rabínicas. Sua instrução formal poderia ter sido limitada à época de sua chamada, todavia, era homem de grande talento natural e dispunha de cinqüenta anos ou mais para melhorar sua habilidade literária. Após tornar-se ministro do evangelho é intuitivo acreditar-se que deveria ter dedicado mais tempo ao seu aprimoramento intelectual. Dever-se-ia notar também que ele acreditava no poder do Espírito Santo para guiar o discípulo no conhecimento de toda a verdade.
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MATEUS
I - Características e Peculiaridades.
1. Distância e Interação - Existe uma distância entre a sinagoga e a igreja aparentemente Mateus não se preocupa em separar a sinagoga da igreja
2. A Luta do Judaísmo - A guerra entre Os judeus era algo traumático que trazia conseqüências profundas tanto para o judaísmo quanto para o cristianismo.
3. A Controvérsia dos Gentios - Por varias décadas os cristãos continuaram cultuando nas sinagogas como nos templos
4. O Cumprimento do Judaísmo - o verdadeiro judaísmo tinha a sua plenitude e cumprimento em Cristo e não no farisaísmo
5. Dualismo - A oposição dos fariseus é enfatizada constantemente por Mateus. Ao mesmo tempo mostra que e necessário uma oposição ao legalismo farisaico
6. Múltiplas Preocupações - Mateus é um manual eclesiástico; aparentemente foi escrito para suprir as necessidades de missões, disciplina e apologia. Foi escrito para os judeus, seu estilo é didático e contem seis grandes discursos:
a) O Sermão da Montanha(5-7).
b) O discurso para os doze(10).
c) As sete parábolas do remo (13).
d) O discurso sobre humildade e perdão.
e) A denuncia dos fariseus(23).
f) O discurso do Monte das Oliveiras.
II - Cristologia
1. Este é sem duvida o tema dominante do evangelho. E a preocupação é acerca da identidade de Jesus os títulos usados são Filho de Davi, Senhor de Davi, Rei dos Judeus, Emanuel, Filho de Deus, Servo de Deus Filho do Homem, Senhor e Cristo. O evangelista apesar de fazer estas citações não levanta questões sobre a sua natureza, ele apresenta Jesus mais em termos de suas funções do que da sua natureza.
2. Jesus é Humano e Divino:
a) Humano = nascido de uma mulher; filho de Abraão; tentado; não sabe todas as coisas; orando; abandonado(1.18,23; 41-11, 24.36, 26.39; 27.46).
b) Divino = origem no Espírito Santo, o seu nome significa "O Senhor é Salvador"; adorado como Deus; o libertador com autoridade divina (1.18-20; 1.21; 2.3).
3. Mateus preocupa-se em mostrar Jesus como o homem de Nazaré e o Senhor ressurreto. Jesus era Mestre, profeta, Senhor de Davi, servo, Pai, Cristo, Filho do Homem(10.24; 23.8, 10.41; 13.57, 16.14; 21.11; 21.18; 9.27, 15.22, 20.30; 21.9; 21.45)
III - O Reino de Deus
1. Ultrapassa as regionalizações, fronteiras - Em Cristo o reino de Deus é maior que as nações e fronteiras, quer políticas, sociais, religiosas, culturais, carismáticas; não é monopólio das instituições religiosas.
2. Promove o homem - Com a chegada do reino as pessoas quebradas fisicamente, doentes, carentes, são restauradas, ressuscitadas.
3. A alegria - Ultrapassa as circunstâncias; quem encontra o reino encontra a alegria(13.45,46).
4. Semeadura da Palavra - Aqui temos a dimensão existencial do reino. Aqui nos é dito que o homem tem que romper, decidir, optar ou não pelo reino. O reino pode se estabelecer no coração ou ser sufocado pelos obstáculos, estruturas. Pode desenraizar da alma ou não encontrar espaço dentre do homem(Mateus 13.1-23).
5. Acontecimento ambíguo - o joio convive com o trigo, a maldade com a bondade; a justiça com a injustiça. O reino convive com esta ambigüidade até que este reino se totalize(13. 24-43).
6. Fermento - É um agente de fermentação no mundo real, é agente de penetração e levedo em todas as camadas do mundo real. A massa é o mundo e o reino é o fermento. A igreja deve ser o fermento(13.36).
7. Refúgio e acolhimento - O reino é uma grande árvore que acolhe os necessitados e sofredores dando-lhes refúgio saudável(13.31).
8. Valor absoluto - Quem encontra o reino encontra o valor dos valores. No reino todas as coisas se tornaram relativas (13.44-46).
9. Malha da vida - Arrastão da história, é a malha que traz peixes bons e maus que convivem uns com os outros até o dia em que o estragado será lançado fora e a convivência histórica do reino e nisto registra-se uma ambigüidade(13.47-50).
10. Convocação para ação útil na vida - o reino da utilidade ao inúti1; da ocupação ao desocupado; os valores do reino nos colocam dentro de uma rotina lutando com nobreza pela vida. Quem esta no reino começa a crer na Hist6ria(20 1-16).
11. Processo histórico da missão de Deus no mundo - o reino de Deus não pode parar ele continua mesmo que haja oposições. A cultura judaica, se achava dona do reino, mas ele foi tirado dela e dado a outros(21.33-44).
12. A festa onde todos estão convidados - É o grande convite, nos deixemos pertencer a esta festa de casamento entre Jesus e a comunidade redimida(22.1-14).
13. Está presente hoje aqui e agora, mais ainda espera pacientemente pela sua consumação - No presente momento histórico o que é mais perigoso é sono. É necessário diligência, prudência e atividade(25.1-13).
14. Enfrentamento das forças de satanás - Em 12.45 temos uma noção coletiva deste confronto. Ele aplica a Israel que rejeitou a libertação e cresciam seus problemas(14).
15. Mensagem a ser pregada na História - A mensagem do reino a ser pregada, esta afirmação é a chave hermenêutica para a compreensão da Bíblia e da escatologia(24.14).
IV- A Igreja.
Reino e Igreja estão relacionados mais não são a mesma coisa. Reino é o domínio soberano de Deus; igreja é a família ou ajuntamento de pessoas submissas ao remo de Deus em Cristo. A igreja não constrói o reino(é um grave erro teológico afirmar aqui estamos organizando mais uma agência para a expansão do reino). Mateus vê a continuidade entre Israel e a Igreja (8. 5,11).
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MARCOS
I - Características e Peculiaridades
1. O evangelho de atos em vez de discursos:
a) das 70 parábolas, Marcos apenas relata 18 e só tem 8 reais.
b) dos 35 milagres ele conta 10 a mais do que qualquer outro evangelista.
c) a palavra "imediatamente" aparece 41 vezes.
2. Esta escrito em estilo jornalístico, gráfico e enérgico
a) há 164 casos de uso do presente histórico.
b) o tempo imperfeito se usa exclusivamente também.
3. O evangelho marca-se pela qualidade da descrição da testemunha ocular
a) a descrição detalhada da casa de Pedro
b) a descrição detalhada do Cenáculo
c) a descrição dos sentimentos de Cristo.
4. Não contem genealogias, ou relatórios do nascimento e infância.
5. E geralmente cronológico no seu arranjo.
6. E conhecido como o evangelho de Pedro ou memórias de Pedro.
7. Apenas 23 versículos em Marcos são totalmente distintos de Mateus e Lucas.
8. Marcos cita o Antigo Testamento apenas 16 vezes.
9. Existe uma dúvida a respeito do final do evangelho(16.9-20).
II - Marcos e Os cristãos romanos
Marcos escreve seu evangelho para a segunda geração de cristãos romanos que eram judeus e gentios, com o objetivo de fortalecer o conhecimento deles acerca de Cristo em circunstâncias difíceis. Seu evangelho foi escrito para a mentalidade metódica e pragmática, própria dos romanos. Transmite aos romanos ensinos como:
1. Jesus como exemplo para os discípulos.
2. Jesus como Filho de Deus.
3. O propósito de Deus em Jesus.
4. A natureza do mal na vida das pessoas.
5. A morte de Cristo como a vontade de Deus
III - O segredo messiânico.
1. Wrede menciona que "Jesus mantém segredo sobre a sua messianidade enquanto aqui na terra, mesmo revelando-se aos discípulos ele permanece obscuro. Somente após a sua ressurreição, há uma verdadeira percepção de que Ele é(o Messias)".
2. Em oposição a Wrede tem sido argumentado o seguinte:
a) Jesus nunca teria sido confesso como Messias após a ressurreição caso não tivesse sido reconhecido como tal durante o seu ministério.
b) A crucificação é incompreensível, a menos que Ele tivesse sido condenado como um pretenso Messias.
c) Os apóstolos e os primeiros cristãos não teriam proclamado um messias crucificado.
d) Em vários momentos percebe-se, durante o ministério de Jesus, uma tensão messiânica.
e) Jesus poderia pedir silêncio para evitar o perigo de uma revolução política. Ele pedia silêncio pela natureza de sua messianidade. Jesus sabia que era o Messias mas que após a ressurreição o seria mais completamente.
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LUCAS
I - Autoria
1. Todas as tradições concordam plenamente que foi Lucas o autor e só ele corresponde as evidências internas e externas. O testemunho universal favorece a Lucas a autoria do terceiro evangelho.
2. Evidencias externas:
a) O cânon muratoriano(170 DC) atribui este evangelho a Lucas.
b) O prólogo anti-marcionista confirma a sua autoria.
c) Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Justino Mártir, Marcião, Celso, et alli, atribuem a Lucas a autoria.
3. Evidências internas:as evidências que Lucas escreveu Atos comprovam a autoria do evangelho. Comparando Lucas com Atos percebe-se que o mesmo autor escreveu as duas obras. O mesmo vocabulário, estilo, e dedicação clássica se encontram nos dois livros.
4. Lucas homem - Gentil(Colossenses 4.11,14), talvez de Antioquia; era medico(Colossenses 4.14); pessoa de muita cultura, capacidade intelectual, percebe-se isto no grego clássico usado por ele. Hábil como historiador. Companheiro de Paulo em algumas viagens. Ficou com Paulo durante as prisões em Cesaréia e Roma(segunda).
II - Principais Temas.
1. A história da salvação - Jesus é o enfoque de toda a história. Coloca a sua narrativa de forma secular; Jesus no centro da historia.
2. A universalidade da salvação - Diz respeito aos homens em geral e não aos judeus. Apesar de enfatizar a universalidade Lucas não e universalista na sua teologia.
3. Escatologia - A eternidade da sa1vação é enfatizada; o julgamento eminente, a proximidade do reino.
4. Catolicismo primitivo - instituiu o cristianismo. Lucas é fiel as fontes que ele recebeu e viu o plano de Deus na igreja, ele incluía a instituição no plano de Deus.
5. Indivíduos - Ele valoriza as pessoas; se preocupa com as pessoas; operava até na vida das mulheres. Se preocupa com os pobres, humildes, pessoas de menos influência. Lucas enfatiza as mulheres Maria, Isabel, Ana. Valoriza as crianças, os publicanos.
6. A paixão de Cristo - A cruz domina a totalidade do livro de Lucas o propósito de Deus é supremamente realizado na morte de Jesus. Na morte de Jesus Cristo a vontade de Deus e realizada.
7. O Espírito Santo - O propósito não para na cruz, mas continua na obra do Espírito. Desde o inicio a doutrina do Espírito Santo é destacada. Há várias citações a respeito do Espírito Santo e conforme Lucas o Espírito Santo tem conexão especial no ministério de Jesus o senhorio do Espírito Santo sobre a história é ressaltado em Lucas.
8. Oração - Lucas mostra que Deus leva a efeito o seu propósito o que exige uma atitude certa do seu povo. E é ai que Lucas revela a importância da oração. Há uma preocupação do autor em enfatizar a respeito das parábolas sobre oração e registrar Jesus orando.
9. Louvor - "Magnificat", "Benedictus", "Nuno Dimilis". As pessoas que receberam benefícios louvaram a Deus.
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JOÃO
I - Quem era João?
O discípulo que se reclinou sobre o peito de Jesus Cristo. É distinto de João Batista, irmão de Tiago, Filho de Zebedeu, discípulo de tempo integral, foi com sua mãe pedir um lugar mais importante no reino. Foi um dos fundadores ativos da igreja em Jerusalém. Foi para Éfeso mais ou menos na época da destruição de Jerusalém; banido por Domiciano para a ilha de Patmos; teve morte natural(100).
II - Propósitos do evangelho de João.
1. Um documento messiânico, enfatiza a messianidade de Jesus Ele é o Cristo, o ungido, escolhido. João nos apresenta uma teologia muito rica.
2. Para Clemente de Alexandria o propósito de João era escrever um evangelho mais espiritual. Dando uma ênfase no seu evangelho enquanto Os sinóticos descrevem Os fatos João descreve e comenta Os fatos.
3. João tem uma finalidade polêmica enfrentando judeus incrédulos o texto joanino tem caráter apologético defesa da fé.
4. É um tratado anti-gnóstico É uma refutação de uma ramificação do gnosticismo da época chamada de docetismo = criam que Jesus não era totalmente humano, pois se fosse teria se contaminado pela matéria que é má. Defendiam uma natureza fantasmagórica de Jesus.
5. "O evangelho de João foi escrito no final do segundo século, com o propósito de combater o gnosticismo daquela época"(C. H. Dodd).
6. João escreve contra a seita de João Batista. Esta teoria se baseia em Atos 19.1-7 que diz que os discípulos de João não conheciam o batismo de Jesus e a doutrina do Espírito Santo.
7. É uma obra eclesiástica devido a forma profunda que ele trata da ceia, do batismo, do novo nascimento.
8. Corrigir a escatologia da igreja primitiva, devido a demora para parousia(segunda vinda de Jesus); a igreja precisava de urna nova interpretação das esperanças apocalípticas.
9. É uma obra litúrgica - segundo esta teoria a igreja primitiva tem no evangelho material para a proclamação e louvor. Este era o objetivo de João suprir uma necessidade da igreja primitiva na proclamação.
III - Sumário das idéias teológicas de João
1. João e o Antigo Testamento - João apresenta Jesus em termos do Antigo Testamento: Messias(1.41, 2.13), servo(12.38; 13.1-11), rei(3.31; 18.36), profeta(6.14, 7.46):
a) Gênesis 1.1 e João 1.1 = há um paralelo entre as duas passagens Abraão(8.31), Isaque(3.16), Jacó(4.5).
b) Moisés e o Êxodo = há inúmeras referencias a Moisés(todo o sistema mosaico): tabernáculo(1.14) serpente(3.14), Mana no deserto(6.31), Jesus leva os judeus além de Moisés(6.32).
c) Profetas = 1.23(Isaías 40.3), 6.45(Isaías 54.13), 12.38(Isaías 53.1); 19.36(Zacarias 1.10); 2.16(Isaías 56. 7)
d) Literatura de sabedoria = na teologia do logos e da sabedoria nós podemos ver um certo paralelismo.
e) Figuras e conceitos do Antigo Testamento no Novo Testamento = Filho do homem é um conceito de Daniel 7 que aparece em João 1.29. Glória é um termo bastante usando no Velho Testamento e aparece 18 vezes no Novo Testamento(1.14). Pastor, servo, videira, rei são termos já conhecidos.
f) Festivais judaicos - Alguns acreditam que a estrutura do evangelho de João está nos festivais judaicos. Festival do sábado(5.9; 17.46), páscoa(2.13, 6.4, 12.1); tabernáculos(7.12); dedicação(10.22).
2. O Logos:
a) O contexto grego = estóicos, Philo nos seus escritos usa a palavra logos 1200 vezes ele era um judeu helenizado. E achavam que João era amigo de Philo.
b) O contexto semítico = hebraico, diz que por traz da teologia do logos está o pensamento hebraico e não o grego logos = debar.
c) A identificação do logos com a literatura de sabedoria = e segundo esta teoria a base do logos esta na literatura de sabedoria, e pode ser feito um paralelo entre João 1.1 e Provérbios 7.8.
d) Logos e a Torah = alguns teólogos vêem uma 1igação entre o logos e a Lei. Haja visto que esta era uma revelação de Deus para o povo(Isaías 2.3)
3. Sinais e Milagres João usa a palavra sinal ao invés de milagre. Esta é uma palavra característica e mais importante no quarto evangelho. E o sentido é: marca, símbolo, sinal(2.11-18; 4.54; 6.30; 10.41, 20.30):
a) Apontam para a divindade de Cristo e para a cruz na redenção e exaltação.
b) Os milagres em João são sinais de que o reino é chegado.
c) Em João os sinais são para desenvolver a fé dos que crêem.
d) Sinal é um ato miraculoso proclamando a glória de Deus(Êxodo 4.8; Isaías 66.19). João se refere a eventos do Antigo Testamento corno sinalizadores de Deus e sua glória(1.14,29; 3.14; 6.31; 7.8). Sinal é algo que podemos observar daquilo que é obscuro e invisível.
e) Relacionados intimamente com sinais estão as obras de Deus 17.4. Ergon = obras; doxas = glória. Testificando a messianidade de Jesus e exigindo a fé daqueles que participam(5.36, 14.11).
f) Os sinais são manifestações da glória de Deus como as teofânias(Êxodo 16.7-10)do Antigo Testamento. A glória de Deus só era visível nestas manifestações irregulares do poder de Deus. Jesus é o logos, é a palavra de Deus encarnada, e vimos a sua glória como a glória do Pai. A glória de Deus é visível em Jesus. Os sinais são manifestações dessa glória durante o ministério de Jesus apontando para a ressurreição que é o sinal maior.
g) Deus é glorificado nEle(13.31,32) = aparece 6 vezes a palavra doxa = glória), ligado ao sinal maior que é a ressurreição de Jesus(17.1-7).
h) Jesus não descreve a ressurreição de Lázaro corno milagre, mas como sinal de algo maior que aconteceria.
4. Cristologia = para João Jesus é o evangelho e o evangelho é Jesus. Jesus é rei enquanto nos sinóticos o reino é proclamado.
a) Filho de Deus = Jesus está num relacionamento metafísico com Deus. Ele é igual a Deus, João estabelece as bases para a doutrina da co-igualdade na trindade.
b) Filho do Homem = João não usa tanto quanto nos sinóticos, mas aonde ele usa é de forma marcante. Ele é mediador(ponte) entre o céu e a terra - Para João o filho do homem é símbolo do povo vitorioso de Deus.
c) Pão da vida = 6.35-51.
d) Luz do mundo = 8.12-9.5 No Antigo Testamento luz e trevas não tem o mesmo sentido que João apresenta como oposição entre mal e bem
e) O Bom Pastor 10.11-14. No Antigo Testamento o pastor significava o domínio(reino) de Deus sobre o povo Jesus é este pastor.
f) Portão das ovelhas.
g) Ressurreição e a vida = 11.25
h) Caminho, verdade e vida = 14.6
i) Videira verdadeira = 15.1-5
IV - Os ensinamentos de Jesus.
1. Características do ensino de Jesus:
a) Simplicidade = Jesus trata das verdades profundas de forma acessível ao povo comum.
b) Informalidade = não há indicações que Cristo preparasse os seus discursos ou tivesse alguém que os escrevesse o ensino era espontâneo em todo lugar, a qualquer hora Mateus 5.1; Lucas 4.16-27; Marcos 4.1).
c) Verdades concretas = Jesus ensinava coisas abstratas usando exemplos concretos, usando parábolas e ilustrações(Mateus 5.13-16).
d) Autoridade = o ensinamento dos escribas dependia dos mestres e tradições recebidas. Jesus ensina com autoridade própria(Marcos 1.22).
e) Progressivo = começa com verdades antigas e conduz para novas verdades. Uma progressão do conhecido para o desconhecido(Mateus 5.21).
f) Personalidade = seu ensino e sempre sustentado pela sua vida e caráter. Ele é a personificação do seu ensino. Ele é a prova de autenticidade do que está falando.
g) Fundamental = Jesus apresenta as verdades básicas e deixa o desenvolvimento para os outros.
2. Métodos Pedagógicos:
a) Figuras de Linguagem = símile (Mateus 23.27); metáfora(Mateus 10.6), hipérbole(Mateus 23.24), paradoxo(Lucas 14.11).
b) Parábola = e uma símile extensa, era usada por Jesus para revelar verdades aos iniciantes e encobrir essas mesmas verdades aos incrédulos Parábola não e uma alegoria. Numa parábola a importância está no ensino fundamental enquanto que na alegoria o que se da importância são os detalhes que sempre simbolizam alguma coisa. É muito perigoso alegorizar uma parábola o contexto e uma das formas de se identificar o núcleo central da parábola.
c) Jesus usa objetos concretos para descrever verdades espirituais = água(João 4.7), espírito (João 7.37), moeda(Marcos 12.14-17), pão(João 6.26-35).
d) O uso de perguntas = por que ele usava perguntas? Para provocar o pensamento(João 3.12); para atrair a atenção(Marcos 4.30), para incentivar convicção(João 21.15); num debate(Mateus 22.42).
e) Uso de ditados (provérbios) = por que os usava? Porque eles resumiam verdades e auxiliavam na memória(Mateus 18.3,18.11,15.11; 12.36, 10.39)
f) O uso do Antigo Testamento = por que? Porque era familiar aos ouvintes(Mateus 5.17,21,27; Marcos 2.25, João 10.34).
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Notas Bibliográficas:
(1) KUMMEL, W.G. Introdução ao Novo Testamento,pg.628.
(2) Id. Ibid.
(3) Id. Ibid.
(4) MOULE, C.F.D. As Origens do Novo Testamento,pg.202.
(5) Op. Cit. pg.203.
(6) GUNDRY, R.H. Panorama do Novo Testamento, pg.61.
(7) BITTENCOURT, B.P. O Novo Testamento: Cânon, Língua e Texto. pg.23.
(8) Op. Cit. pg.214.
(9) DENISON, J.C. 7 Questões Cruciais Sobre a Bíblia.pg.57.
(10) Note-se que todos os autores pesquisados adotam estes mesmos critérios.
(11) DENISON, James C. 7 Questões Cruciais Sobre a Bíblia. pg.66.
(12) BITTENCOURT, B.P. O Novo Testamento: Cânon, Língua e Texto.pg.23.
(13) DENISON, Op. Cit. pg.67.
(14) BITTENCOURT. Op. Cit. pg.24.
(15) MOULE. C.F.D. As Origens do Novo Testamento. pg.214.
(16) BITTENCOURT. Op. Cit.pg.26.
(17) Veja-se por exemplo a obra Los Evangelios Apócrifos de Otero que transcreve uma lista enorme de evangelhos apócrifos.
(18) BITTENCOURT. Op. Cit.pg.25.
(19) Marcião era natural de Sínope, no Ponto, onde seu pai era bispo. Era tão hostil aos judeus que repudiou todo o Antigo Testamento e procurou estabelecer um cânon isento de influências judaicas. Optou pelo Evangelho de Lucas embora que rejeitasse o relato do nascimento virginal de Jesus.
(20) DENISON. Op. Cit. pg.69.
(21) Irineu, que conhecia as igrejas da Ásia Menor, de Roma e de Gàlia, enfatizava a autoridade dos quatro evangelhos, que segundo ele eram as quatro colunas principais da igreja.
(22) Um documento mutilado, de origem latina, foi descoberto numa biblioteca em Milão por Muratori no século XVIII.
(23) KUMMEL, W.G. Introdução ao Novo Testamento.pg.648.
(24) DENISON. Op. Cit.pg.69.
(25) "Não é tedioso falar dos livros do Novo Testamento. Esses são os quatro evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Depois deles, os Atos dos apóstolos e as Epístolas(chamadas católicas), sete, a saber, de Tiago, uma; de Pedro, duas; de João, três, depois dessas, uma de Judas; Além do mais, há quatorze Epístolas de Paulo, escritas nesta ordem. A primeira aos Romanos; depois duas aos Coríntios; depois dessas, aos Gálatas; a seguir, aos Efésios; depois dessas, duas os Tessalonicenses, e aos Hebreus; novamente, duas a Timóteo; uma a Tito; e por último, a de Filemom. Além disso, o Apocalipse de João. Essas são fontes de salvação, para os que têm sede possam satisfazer-se com as palavras de vida que elas contém. Só nelas é proclamada a doutrina da santidade. Que homem nenhum faça qualquer acréscimo nem omita qualquer coisa das mesmas" citado por Denison, pg.70.
(26) BRUCE, F.F. New Testaments Documents. pg.27.
(27) BARCLAY, W. Making of the Bible. x.
(28) Donald Guthrie, New Testament Introduction. Downers Grove, Illinois: Inter-Varsity Press, 1970 , p. 200 e ss.
(29) Citado por Eusébio em The Ecclesiastical History . Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1955, p.23
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IV. BIBLIOGRAFIA:
ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman. Rio de Janeiro, JUERP, 1983. Vols. 8,9.
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