quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O que significa, e de onde provém, a expressão “Leão da tribo de Judá”, atribuída a Jesus?

E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui

o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que

venceu, para abrir o livro e desatar os seus

sete selos” (Ap 5.5).

O emprego desse título, pelos membros da tribo

da qual Jesus descendeu, era metafórico. A

figura do leão decorava o emblema do estandarte

que representava a tribo de Judá, tanto em

viagens quanto em incursões militares.

Em todas as épocas (e também nos dias atuais), o

leão representa a força e o poder que, nos

tempos antigos, eram atribuídos, ou pelo menos

desejados, pelas linhagens reais e guerreiras.

A esperança judaica, neste aspecto, não era

diferente, porque o Messias que os judeus

esperavam viria, segundo sua carnal compreensão,

na pessoa de um grande guerreiro, de um grande

monarca que, ao derrotar todos os inimigos de

Israel, daria completa libertação ao povo.

Não é provável que a tribo possuísse um animal

desse porte como um bichinho de estimação, uma

vez que a força do leão e a ameaça que

representa o tornam um perigo para todos.

O próprio Deus, pela palavra de seu profeta,

assemelha-se a um leão, manifestando, dessa

maneira, o tamanho do seu poder, para que o

homem pudesse mensurar (Os 5.14). Em Apocalipse

5.5, esta metáfora, agora em referência a

Cristo, é novamente destacada, quando da ocasião

em que o ancião descrevia a visão a João, na

ilha de Patmos.

O texto apocalíptico surge como um fragmento

correlato de Gênesis 49.9, empregado pelo autor

inspirado, Moisés, para enumerar as

características de cada uma das doze tribos de

Israel. E, ao manifestar-se a respeito da tribo

de Judá, diz tratar-se de um “leãozinho que

subsiste da presa”; isto é, daquele cuja

presença e ação os inimigos não podem escapar.


Ana teve sete ou seis filhos?

Os fartos se alugaram por pão, e cessaram os

famintos; até a estéril deu à luz sete filhos, e

a que tinha muitos filhos enfraqueceu” (1Sm

2.5).

Visitou, pois, o SENHOR a Ana, que concebeu, e

deu à luz três filhos e duas filhas; e o jovem

Samuel crescia diante do SENHOR” (1Sm 2.21).

Ana, em seu cântico, procedido segundo o costume

das mulheres judias que alcançavam ventre

frutífero, quando diz que teve sete filhos, não

se refere à prole que ainda estava por gerar,

mas, sim, ao número que representa a totalidade

e a perfeição de Deus.

É interessante notar que não há qualquer

profecia anterior a este cântico relacionada ao

número de filhos que Ana teria. Logo, Ana não

poderia adivinhar a quantidade exata de sua

prole. Por isso, como já foi dito, menciona um

número de extrema representatividade na cultura

hebréia.

Ana inicia seu período maternal com a concepção

de Samuel (1Sm 1.9-20). Depois, concebe mais

três filhos e duas filhas (1Sm 2.20,21).

Fora de qualquer comparação mística, temos na

numerologia judaica uma série de correlações

entre números e acontecimentos, como, por

exemplo, o número “3”, que não era simbólico,

mas, às vezes, era repetido em uma frase que

alguém desejava que fosse conhecida como

verdade.

O número “4” dava a característica do que era

completo. Vejamos: “quatro” letras constituíam o

nome de Deus (YHWH), “quatro” braços do rio Éden

(Gn 2.10), “quatro” reinos mundiais (Ez 37.9).

O número “7” relacionava-se efetivamente ao

sagrado. Podemos ver isso em vários exemplos,

como quando Cristo orienta Pedro sobre quantas

vezes ele deveria perdoar os pecados de seu

irmão contra si, ou seja, “setenta vezes sete”

(Mt 18.22), que seria o mesmo que

“completamente”.


Se a narrativa do rico e Lázaro não é uma

parábola, mas história real, como os evangélicos

defendem, gostaria, então, de saber como o rico

pôde sentir sede, tendo em vista o fato de que

ele, naquele lugar, não estava em matéria, mas

em alma e espírito?

E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia

de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a

ponta do seu dedo e me refresque a língua,

porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.24)

Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que

nem todas as correntes atestam que esta parábola

é uma história verídica, narrada por Jesus em

conseqüência de seus atributos sobrenaturais.

Por outro lado, ainda que assim se defina o

enredo anotado em Lucas 16.19-31, não devemos,

da mesma forma, ignorar que a linguagem

neotestamentária se acha repleta de simbolismos,

usados por Deus para mostrar, de forma

compreensível, as expectativas para o homem no

mundo post-mortem.

Assim, a descrição do desejo arrogante do rico,

que pleiteava de Abraão que determinasse a

Lázaro que lhe refrescasse os lábios com um

pouco de água, parece nos esclarecer os reais

tormentos que aguardam os homens no hades,

conforme é chamado o lugar de tormento para

todos aqueles que rejeitaram o nome de Jesus

para que fossem salvos.

Tal questionamento, no entanto, é compreensível,

visto que, efetivamente, um corpo material não

carece de alimento, água, descanso ou de

qualquer outro suprimento que, normalmente,

necessitaríamos para que pudéssemos transpor a

nossa existência na terra. Todavia, é importante

que saibamos distinguir quais as regras de

interpretação aplicáveis a cada contexto das

Escrituras.

Para este caso, o que ocorre é uma metáfora do

sofrimento que se dá no outro plano. Tal

tormento é tão insuportável, que seria o mesmo

que sermos submetidos às brasas de uma pira

incandescente ou trancafiados no interior de um

forno de panificação em plena atividade.

Essa figura de linguagem aparece nos discursos

cristãos sempre que o Mestre se referia aos

danos sofridos pelas almas no inferno (Mc

9.44,46,48).


Há um episódio estranhíssimo na Bíblia, sem

paralelo nos demais textos: a luta entre Jacó e

o anjo (Gn 32.24-32). Segundo a Palavra, os

anjos possuem poder, mas em relação ao anjo com

o qual Jacó lutou, pareceu haver quase uma

equivalência de forças, visto que Jacó pôde

resisti-lo durante muito tempo. Mais do que

isso, Jacó o deteve (o segurou) e, segundo meu

entendimento, até o coagiu a abençoá-lo. Em

minha igreja, os irmãos cantam esse episódio,

mas sem raciocinarem a respeito. Gostaria que

fizessem uma exegese do mesmo, se possível com

referências de pensadores cristãos e judeus.

É realmente complexo dirimir esta questão em

poucas palavras. Algumas posições expostas até

aqui têm sua razoabilidade, como, por exemplo, a

que afirma o seguinte: embora Jacó tenha ficado

enfraquecido por ter sido tocado no nervo da

coxa, ele se agarrou de tal forma em seu

opositor que o anjo, para não lhe ferir mais do

que havia ferido, se permitiu ficar detido.

Já no aspecto físico da “luta” em referência,

temos que o pedido do anjo — “Deixa-me ir” — foi

um reconhecimento do sucesso de Jacó, conforme

lemos nos versículos 25 e 28. Ou seja, o anjo

teve de ferir Jacó para se desvencilhar dele e,

em seguida, trocou o seu nome para Israel.

Como se observa em todo o restante do contexto

bíblico, a intenção de Jacó, quando empreendeu

aquele ato, não era outra senão ser abençoado e,

provavelmente por isso, sua vida fora poupada.

Deus, obviamente, poderia ter fulminado Jacó sem

misericórdia, mas a insistência do hebreu

revelava seu interesse na ação divina e na

salvação.

Ao requerer a bênção, Jacó, em verdade, atua

como um vencedor diante daquele embate insólito,

não deixando, porém, de reconhecer o caráter

divino e sobrenatural do ser que se encontrava

em sua presença. Por isso, pede: “Abençoa-me”. E

fora miraculosa a forma como o anjo, apenas por

tocar em Jacó, o deixou aleijado.

Uma lição que Deus provavelmente quis ensinar a

Jacó seria aquela que destaca as limitações dos

homens em relação a Deus, o que, até então, Jacó

não havia compreendido.

Por último, resta, ainda, o pensamento que

mostra Jacó diante de uma circunstância que

predizia sua condição sobre as coisas

espirituais, ou seja, que ele granjearia vitória

nesta parte, desde que aprendesse a se submeter

e a orar. E esse último aspecto ficou

demonstrado na cena final do episódio, quando

Jacó brada, dizendo: “Tenho visto a Deus face a

face, e a minha alma foi salva”, o que significa

que Jacó agradeceu por ter sobrevivido a tal

embate, por não ter perecido de morte.

Preparado por Marcos Heraldo Paiva

Participantes desta edição:

Waldir Sabino
Juliano B. Dantas
Divalcir da Silva
Daniel Soares Meuer
Rodolfo Nascimento


Fonte:ICP

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