Pr. Luiz Fernando
Quanto mais tempo passa fica mais clara a necessidade de um novo modelo de
igreja parao presente momento.
Muitos teóricos criticam o modelo vigente dizendo que vivemos em uma era
pós-cristã, que a igreja como a tínhamos não mais atraí as pessoas e que agora
comunidades sem bandeira denominacional fazem parte do cardápio do momento. No
entanto essas comunidades diferenciadas seguem os mesmos modelos só que
travestidos de modernidade. Acham que se não houve pastor e sim um líder leigo
tudo será diferente. Tentam abolir o dízimo e creem que somente a Ceia do Senhor
deve ser mantida como sacramento ou ordenança. Isso tudo evidencia que algo
precisar ser mudado e rápido. Tenho visto muita discussão se as mudanças
passariam por uma reforma na igreja ou por um viés de reavivamento. As
argumentações mais tendentes entre os cristãos tradicionais caminham pela via da
reforma seguindo um dos grandes motes da Reforma do século XVI “Ecclesia
reformata et semper reformanda est”, Igreja Reformada Sempre se Reformando. Pelo
lado pentecostal ou avivado o mote de décadas é avivamento sempre ou busca pelo
poder do Espírito Santo. Aí ficamos em um dilema sem solução. O lado tradicional
querendo uma volta ao cristianismo primitivo e os pentecostais querendo a mesma
coisa só que através de reavivamento.
Um receia uma profunda experiência com o Espírito e o outro de se ver engessado
dentro de uma camisa de força da tradição. Creio que a via intermediária seja
uma boa solução.
Creio que não precisa ser um em detrimento do outro, ou seja, reforma ou
reavivamento. Para mim pode ser reforma e reavivamento. Em nada adiantaria uma
reforma sem reavivamento e não surtiria efeito algum um avivamento sem reforma.
Reforma sem reavivamento é odre sem vinho e reavivamento sem reforma e vinho sem
odre. Um precisa do outro e foram feitos um para outro. Precisamos sim de uma
reforma para expurgar os acréscimos feitos ao evangelho ao longo de décadas que
o descaracterizam. Sim, precisamos urgentemente de uma reforma, pois a igreja
vem acrescentando comportamentos e doutrinas totalmente alheias ao evangelho.
Vem perdendo seu vigor diante de uma sociedade cada vez mais cética e
pluralista. A igreja não está conseguindo alcançar várias camadas da sociedade e
vem deixando esse espectro social à deriva. Uma reforma colocaria a igreja
novamente nos trilhos e a faria ser mais efetiva e eficaz em seu chamado. Muitos
entendem por reforma uma mudança radical nas práticas eclesiológicas e
litúrgicas, introduzindo assim elementos estranhos ao culto como: dança
profética, capoeira gospel, luta livre antes de suas reuniões para atrair os
jovens etc. Nada disso tem provocado a reforma tão esperada, mas simplesmente
descaracterizado o culto e banalizado o sagrado. Isso não constitui reforma. Uma
volta às doutrinas reformadas e à simplicidade do evangelho surtirão os efeitos
desejados por muitos. Mas ai aparece o contraditório. Um retorno ao princípio
necessariamente passa por reavivamento. Uma volta ao princípio nos colocaria
frente a frente com o Espírito Santo e consequentemente com uma vida dinâmica. O
problema é que para muitos reavivamento significa confrontos com demônios,
sucessão de correntes das mais variadas formas, quebras de maldições, unções de
todos os tipos e isso não tem dinamizado a igreja, pois o que por traz se
encontra é a busca exacerbada por maior visibilidade, poder e dinheiro. A igreja
está morrendo de inanição diante destas tentativas de reavivamento. Reavivamento
é atuação soberana do Espirito Santo dinamizando a igreja de Cristo de tal
maneira que pecadores se reconhecem pecadores indo para o inferno e buscam
abrigo na Cruz do Calvário. Reavivamento é a igreja sendo energizada pelo poder
de Deus e cumprindo o ide de Cristo com maior competência. Isto implica em
deixar de viver da força da carne e se guiada pelo Espírito. Muitos acham que
reavivamento é total ausência de tradição, verdade, doutrina e caráter, mas
antes pelo contrário, reavivamento é termos bem presentes nossas origens, nos
pautarmos pela verdade da Palavra, seguirmos o norte da Sã Doutrina e
demonstrarmos um caráter transformado pelo evangelho de Cristo.
Sim, precisamos de reforma e reavivamento urgente. Precisamos das doutrinas
reformadas e um retorno à simplicidade do evangelho e isso orvalhado pelo poder
revitalizador do Espírito Santo. Precisamos de odres e vinhos compatíveis.
Quando vivermos um reavivamento veremos crescer entre as pessoas um senso de
pecado e pequenez diante do Deus todo poderoso. Vivemos dias onde os cristãos
não se acanham em pecar e fazem isso naturalmente. Mas cheios do Espírito a
primeira impressão no coração do homem é de inadequação diante de Deus. Pecados
são confessados e abandonados. Tenho visto pastores que vivem no limite do
pecado e esperam vencer as tentações e o mesmo se dá com cristãos. Só venceremos
o pecado quando o temermos. Ai sim, fugiremos dele. Só venceremos o pecado
quando formos colocados face a face com o Senhor nosso Deus e então ficarmos
impressionados com sua santidade. Sim, precisamos de reavivamento urgente.
Alguém dirá: como compatibilizar reforma e reavivamento? Nosso maior exemplo
está em Jonathan Edwards. Teólogo e filósofo. Pastor e pensador. Viveu no século
XVIII e morreu com a idade de aproximadamente 55 anos. Era um pastor calvinista
que experimentou um poderoso avivamento em seu tempo. Em sua comunidade Edwards
catalogou mais de 300 conversões em uma população de aproximadamente 2000
habitantes. Presenciou pessoas sendo transformadas maravilhosamente pela graça
de Deus e as alimentou com sermões puramente embasados na doutrina reformada.
Jonathan Edwards era assim: Nem crédulo nem hipercrítico, sempre examinando os
dois lados. Sempre buscando o equilíbrio. Foi o primeiro pastor e filósofo a
catalogar as experiências ocorridas em um avivamento e escreveu sobre estes
fenômenos.
Não nos resta muita coisa a fazer a não ser voltarmos para a Palavra e sermos
cheios do Espírito Santo, caminho este plenamente bíblico e necessário. Caso
contrário vivenciaremos tempos áridos, com pouca colheita, baixo nível de
santidade e um quase total desprezo pela Palavra.
Sim, é possível vivermos uma reforma com reavivamento. Creio que esta seja uma
boa receita para a igreja no séc. XXI.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
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