A Igreja e a Perseguição Religiosa
A Igreja
O cristianismo chegou ao país no século XVI através dos franceses. A maioria dos cristãos são católicos. Há praticamente duas Igrejas no país: a Igreja Evangélica Internacional (na capital) e a Igreja clandestina, formada por convertidos comorenses que se reúnem nas casas.
A Igreja Evangélica Internacional foi fundada na década de 1970. Embora haja pessoas de outras nacionalidades que frequentem essa Igreja, ela foi e continua a ser frequentada majoritariamente por indivíduos e famílias malgaxes. Essa Igreja, tradicionalmente, é voltada apenas aos seus membros e não tenta evangelizar os comorenses. Isso se deve, primariamente, ao medo de ser expulsa da ilha, caso alguém seja apanhado compartilhando o cristianismo com os nativos. Entretanto, nos últimos dois anos, houve uma mudança significativa na perspectiva e atuação das áreas humanitária e espiritual.
Já a Igreja clandestina começou quando o primeiro comorense entregou sua vida ao Senhor, no final da década de 1970. Embora o número de convertidos continue a ser pequeno, ele é crescente em quantidade e qualidade de compromisso. Grupos de comorenses convertidos continuam a se reunir com regularidade nas casas, a fim de estudar a Bíblia. Assim como na maioria dos países muçulmanos fechados, a conversão vem acompanhada de dificuldades.
A perseguição
A constituição do país prevê liberdade religiosa, mas o código penal proíbe de forma estrita o proselitismo de outras religiões que não o islamismo. Um referendo constitucional de 2009 afirma que “o Islã é a religião oficial do Estado”. Os grupos cristãos que fazem trabalhos humanitários no país não podem fazer proselitismo.
Os líderes cristãos africanos dizem que Comores é a região do mundo mais difícil para se evangelizar. O evangelismo é terminantemente proibido e quem for pego evangelizando pode ser preso e multado. Os cristãos são discriminados em todos os setores da sociedade, mas não há restrições quanto à prática religiosa particular.
História e Política
Comores é formado por três das quatro ilhas vulcânicas do Arquipélago de Comores, localizadas entre o continente africano e a ilha de Madagascar, e por outras ilhotas. Seu território é extremamente rochoso e inadequado para a agricultura. A vida marinha, no entanto, é bastante rica e variada.
As quatro ilhas do arquipélago foram povoadas por volta do século V, por um fluxo de migração indonésio. Entretanto, as Comores permaneceram isoladas até o século XII, quando muçulmanos (Comores foi rota comercial dos árabes) vindos de Kilua se instalaram nas ilhas, alcançando relativo desenvolvimento. As ilhas Comores foram colonizadas pelos árabes no início do século XIV e tornaram-se islâmicas no XV.
No século XVI, portugueses invadiram as ilhas, promoveram saques e destruíram a economia local. O sultão de Omã expulsou os lusitanos de lá, anexando o território a Zanzibar. Somente no século XIX, com a separação de Zanzibar do sultanato de Omã, houve movimentação nas Comores.
A França ocupou as ilhas, especialmente a de Mayotte, em 1843, onde está até hoje. Por sua produção de especiarias e especialmente por seu posicionamento geográfico estratégico, as demais ilhas também caíram sob domínio colonial francês. Somente em 1974 os habitantes das demais ilhas votaram em plebiscito pela independência. A exceção foi Mayotte, que, com sua maioria cristã, votou contra a adesão das outras ilhas, principalmente islâmicas, à independência. Hoje, Mayotte continua sendo um território ultramarino francês. A partir de 1975 ficou constituída a República Federal e Islâmica das Comores.
O país suportou 19 golpes, ou tentativas de golpes, desde sua independência. Em 1997, as ilhas de Nawani (ex-Ajouan) e Mwali (ex-Mohéli) declararam sua independência de Comores. Em 1999, o Coronel Azali Assoumani tomou o poder, prometendo resolver a crise de secessão por meio de um arranjo co-federal, chamado Acordo de Fomboni. Em dezembro de 2001, aprovou-se uma nova Constituição e as eleições presidenciais aconteceram em 2002. Cada ilha do arquipélago elegeu seu próprio presidente, e um novo presidente da União foi empossado em 26 de maio de 2002.
Em 2006, houve as primeiras eleições presidenciais democráticas, legais, pacíficas e abertas.
População
A maioria dos comorenses possui ascendência étnica afro-árabe e malgaxe (de Madagascar), sendo que 28% da população vivem em áreas urbanas, cujo crescimento tem sido marcado por taxas impressionantes. A proporção de homens e mulheres é praticamente a mesma e 41,6% da população têm idade inferior a 15 anos.
A expectativa de vida no país é de 63 anos de idade. A pobreza se reflete na qualidade de vida dos habitantes. Apenas 56,5% da população é alfabetizada, com um quarto de todas as crianças com menos de 5 anos de idade subnutridas. A maioria da população é muçulmana, pertencente à facção shafiita* . Existem centenas de mesquitas e quase toda a população educada do país teve de frequentar uma escola corânica em algum momento.
Uma minoria constituída de algumas centenas de bahaístas** também vive nas ilhas.
*O termo Shafiita surgiu a partir de Al Shafii (820 d.C), um dos de Malik. Shafii exerceu uma grande influência no desenvolvimento da jurisprudência islâmica e teve uma participação relevante no processo de definição da sharia, a lei islâmica.
*Praticantes da fé Baha’í, religião monoteísta cujos princípios são: a unicidade de Deus, a unidade da humanidade e a unidade da religião.
Economia
Comores está entre as nações mais pobres do mundo. A economia está estagnada e a maioria do povo é formada por agricultores e pescadores de subsistência. A agricultura emprega 80% da força de trabalho e garante a maior parte das exportações.
Mesmo assim, o país não é autossuficiente na produção de alimentos, embora seja o maior produtor mundial de ylang-ylang (essência usada na perfumaria) e grande produtor de baunilha. Sua renda per capita é de U$$ 1,000 (mil dólares). O baixo nível educacional da população contribui para um número elevado de desemprego. A agricultura, a pesca e a caça são os principais setores da economia comorense.
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