sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Igreja e a Perseguição Religiosa

Grupos extremistas incitam o ódio contra os cristãos, o que resulta em prisões, agressões, sequestros, estupros e ataques a casas e igrejas
A Igreja e a Perseguição Religiosa

A Igreja

O atual Estado do Paquistão fazia parte do território da Índia, portanto o cristianismo está no país desde aproximadamente o ano 52 d.C. Segundo a tradição, o discípulo Tomé foi à Índia durante essa época, conseguiu converter alguns indianos e estabeleceu sete igrejas na região conhecida agora como Kerala, e outras em Madras. Ele foi martirizado e sua sepultura ainda está em São Tomé de Meliapor.

No século XVI, os jesuítas vindos de Portugal assumiram o trabalho missionário e nos séculos XVII e XVIII, os ingleses e holandeses chegaram ao país com o protestantismo, porém nenhum dos dois grupos teve êxito no estabelecimento de um trabalho duradouro.
Atualmente, como resultado de uma grande variedade de esforços missionários, o Paquistão conta com uma pequena parcela de cristãos, a maioria de etnia punjabi. A maioria dos cristãos é membro de igrejas independentes ou da católica romana.

A comunidade cristã é, de modo geral, fragmentada e temerosa. Devido ao medo da perseguição, é possível que haja alguns milhares de cristãos que mantêm sua identidade religiosa em sigilo e são poucos os convertidos entre os muçulmanos que declaram sua nova fé abertamente.

A Perseguição

A Constituição estabelece o islamismo como a religião do Estado, declarando também que as minorias religiosas devem ter condições para professar e praticar sua religião em segurança. Apesar disso, o governo limita a liberdade religiosa.

Uma forma de limitação é a lei de blasfêmia paquistanesa. Essa lei sentencia à morte quem deprecia o islã ou seus profetas; à prisão perpétua quem deprecia, danifica ou profana o Alcorão; e a dez anos de prisão quem insulta os sentimentos religiosos de outra pessoa.

A lei de blasfêmia tem sido bastante usada por indivíduos que querem resolver questões pessoais, uma vez que, para acusar alguém de ter blasfemado, não é necessário ter provas. Precisa-se apenas da acusação formal. No contexto paquistanês, a palavra de um muçulmano vale pela palavra de dois cristãos, o que dificulta o processo de defesa.

Embora nenhum cristão paquistanês até agora tenha sido executado após sua condenação, mais de uma dezena de pessoas foram acusadas e forçadas a viver em condições desumanas na prisão, em esconderijos ou no exílio. No fim de 2008, um garoto encontrou uma sacola na rua contendo páginas rasgadas de um Alcorão. Sem saber o que fazer com aquilo, o menino levou a sacola para casa.

Sua irmã mais velha, Ashiyana Masih, levou a sacola e seu conteúdo a uma vizinha muçulmana. Mas essa vizinha, que tinha uma briga antiga com a família de Ashiyana, acusou a jovem e seu pai, Gulsher Masih, de terem blasfemado contra o Alcorão.

Após a denúncia, mais de cem pessoas atacaram a casa da família cristã, levando-a a fugir e se esconder. No entanto, Ashiyana e seu pai foram presos. O pedido de fiança que os representantes legais de Ashiyana fizeram foi negado. Ainda não foi marcada uma nova data para a audiência dela e de seu pai.

Em junho de 2009, a cristã Asia Bibi foi presa e condenada a dois anos de prisão seguida da pena de morte, sob a alegação de blasfêmia por parte de suas companheiras de trabalho. Asia continua presa, aguardando o dia de sua execução, mas órgãos de direitos humanos estão trabalhando para livrá-la dessa sentença.

História e Política

Localizado entre o Afeganistão, o Irã, a China e a Índia, o Paquistão ocupa uma região estratégica no sul da Ásia. O território pode ser dividido em três áreas geográficas principais: a região montanhosa da Cordilheira do Himalaia, ao norte, o vale do Rio Indo e o Planalto do Baluchistão. O clima é predominantemente árido, com verões quentes e invernos rigorosos. O nome do país foi construído em forma de acrônimo por um estudante muçulmano da Universidade Cambridge, chamado Choudhary Rahmat Ali. O acrônimo faz alusão às cidades, regiões e países que contribuíram na construção histórica do povo e do país: P= Punjab, A= Afghania, K= Caxemira, I= Indus Valley (Rio Indus), S= Sindh, T= Turkharistan, A= Afeganistão e N= Baluchistan. Além disso, Pak deriva do persa e significa “puro”, e Stan, “terra”, de forma que o nome significa “terra dos puros”.

O território onde hoje se localiza o Paquistão foi habitado por povos das margens do Rio Indo há cerca de 2500-1700 anos antes de Cristo. Suas terras foram invadidas e habitadas por grandes povos e impérios, como arianos, persas, gregos e árabes. No século VIII, o Islamismo chegou à região através das expedições árabes.

Do século XVI ao XVIII, o Império Mongol dominou seus territórios e a maior parte do subcontinente indiano. No final do século XIX, os britânicos tornaram-se a potência dominante na região conhecida como Índia Britânica e a dividiram em duas zonas administrativas, denominadas Paquistão Ocidental (atual Paquistão) e Paquistão Oriental (atual Bangladesh). Devido aos constantes conflitos religiosos entre muçulmanos e hindus, o lado muçulmano da Índia se transformou na República Islâmica do Paquistão, em 1956.

Conflitos na Caxemira

Quando os britânicos deixaram a Índia em 1947, havia ali mais de 500 estados principescos hereditários; entre eles estava o estado principesco de Jamu e Caxemira. Os britânicos deram a esses estados a opção de aderir à Índia ou ao Paquistão. Segundo os paquistaneses, o estado da Caxemira quis aderir ao Paquistão, mas por pressão política e econômica da Índia acabou cedendo a ela; os indianos, claro, negam. Atualmente a Índia controla 42% do território da Caxemira e o Paquistão, 37%.

Os dois países já travaram três guerras pela disputa do território (1947, 1965, 1999), conhecidas como guerras indo-paquistanesas. Nos últimos anos, muitos ataques terroristas ocorreram na Caxemira, em protesto contra o domínio indiano.

Após 11/9

Devido à sua posição estratégica, o Paquistão ganhou lugar de destaque na mídia internacional logo após os atentados terroristas contra as cidades de Nova York e Washington, em 11 de setembro de 2001. Quando decidiram retaliar o Afeganistão em outubro daquele ano, os EUA pediram e obtiveram apoio logístico do Paquistão, assim como a liberação de seu espaço aéreo.

O apoio do governo paquistanês ao norte-americano gerou grande tensão política no país, pois grande parcela da população possuía afinidades étnicas e ideológicas com a milícia Talibã que governava o Afeganistão na época.

Ao apoiar os ataques norte-americanos ao Afeganistão, em 2001, o Paquistão obteve grande ajuda econômica dos EUA na forma de linhas de crédito e reescalonamento de dívidas. Ainda assim, a economia do Paquistão é caracterizada pela pobreza da população.

Com o crescimento do extremismo islâmico, o governo concordou, em fevereiro de 2009, em implementar a sharia (lei islâmica) no vale de Swat, região noroeste do país. O objetivo é levar os extremistas a concordar com um cessar-fogo permanente.

População

A população paquistanesa constitui-se de vários grupos étnicos, dentre os quais se destacam os punjabis, os sindis, os patanes e os baluchues. O povo é bastante jovem: mais de um terço da população tem menos de 15 anos de idade. O analfabetismo é um mal que atinge metade da população. O pior índice está entre as mulheres: apenas 36% delas sabem ler e escrever.

Problemas como a precariedade habitacional e a infraestrutura inadequada de saneamento básico contribuem para o surgimento de doenças e para a alta taxa de mortalidade. Para se ter uma ideia, somente um terço da população tem acesso à água potável.

Economia
A economia do Paquistão é semi-industrializada, englobando os setores têxteis, químicos, alimentar e a agricultura. Essas áreas são as que mais contribuem para o PIB do país. O alto índice de inflação é um dos fatores que mais dificultam o crescimento econômico do país.

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