sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A Hora da Meia-Noite

"Então o reino dos céus será

semelhante a dez virgens que, tomando

as suas lâmpadas, saíram a

encontrar-se com o noivo. Cinco

dentre elas eram néscias, e cinco,

prudentes. As néscias, ao tomarem as

suas lâmpadas, não levaram azeite

consigo; no entanto, as prudentes,

além das lâmpadas, levaram azeite nas

vasilhas. E, tardando o noivo, foram

todas tomadas de sono e adormeceram.

Mas, à meia-noite ouviu-se um grito:

Eis o noivo! Saí ao seu encontro!

Então, se levantaram todas aquelas

virgens e prepararam as suas

lâmpadas. E as néscias disseram às

prudentes: Dai-nos do vosso azeite,

porque as nossas lâmpadas estão-se

apagando. Mas as prudentes

responderam: Não, para que nãos nos

falte a nós e a vós outras! Ide,

antes, aos que o vendem e comprai-o.

E, saindo elas para comprar, chegou o

noivo, e as que estavam apercebidas

entraram com ele para as bodas; e

fechou-se a porta. Mais tarde,

chegaram as virgens néscias,

clamando: Senhor, senhor, abre-nos a

porta! Mas ele respondeu: Em verdade

vos digo que não vos conheço" (Mateus

25.1-13).

Três Épocas da História da Igreja
a era dos apóstolos e os tempos

pós-apostólicos (de Pentecostes até o

início do século 3 d. C.)
Esse foi o tempo do primeiro

amor, caracterizado por uma espera

diária e viva pela volta de Jesus

Cristo, que o Senhor descreve da

seguinte maneira:

"Então, o reino dos céus será

semelhante a dez virgens que, tomando

as suas lâmpadas, saíram a

encontrar-se com o noivo" (Mt 25.1).

Na época dos apóstolos e nos

primórdios da Igreja, a Palavra ainda

era tão viva e eficaz entre os

crentes, que eles esperavam constante

e intensamente pelo Senhor e por Sua

volta. Era costume na época, por

exemplo, cumprimentar-se com a

saudação "Maranata", que significa

"Vem, nosso Senhor!"
Havia nesse tempo um movimento

evangelístico, orientado pelo Senhor,

indo em Sua direção como que com

tochas acesas e brilhantes. Em quase

todas as suas cartas, os apóstolos

escreviam sobre a esperança viva da

volta de Jesus, apresentando-a às

igrejas como sendo possível a

qualquer momento. Paulo, por exemplo,

alegrou-se com a igreja de

Tessalônica e confirmou para os

cristãos dali:

"pois eles mesmos, no tocante a nós,

proclamam que repercussão teve o

nosso ingresso no vosso meio, e como,

deixando os ídolos, vos convertestes

a Deus, para servirdes o Deus vivo e

verdadeiro e para aguardardes dos

céus o seu Filho, a quem ele

ressuscitou dentre os mortos, Jesus,

que nos livra da ira vindoura" (1 Ts

1.9-10).

E a Timóteo ele fez saber:

"já agora a coroa da justiça me está

guardada, a qual o Senhor, reto juiz,

me dará naquele Dia; e não somente a

mim, mas também a todos quantos amam

a sua vinda" (2 Tm 4.8).

Os quase 270 capítulos do Novo

Testamento mencionam aproximadamente

300 vezes a volta do Senhor Jesus. Um

comentário bíblico diz o seguinte:
Só alcançaremos o nível

espiritual e a vida santificada que o

Novo Testamento ensina, quando a

espera pelo Senhor receber tanto

espaço em nossos corações como o

tinha nas igrejas dos tempos

apostólicos. O Dr. Kaftan disse: "O

maravilhoso poder da Igreja primitiva

residia única e exclusivamente em sua

esperança viva pela volta visível e

pessoal de Cristo".
Uma afirmação de Pedro, que se

ajusta muito bem à parábola das dez

virgens, mostra quanto o tempo dos

apóstolos ainda era impregnado pela

expectativa da volta de Jesus:

"Temos, assim, tanto mais confirmada

a palavra profética, e fazeis bem em

atendê-la, como a uma candeia que

brilha em lugar tenebroso, até que o

dia clareie e a estrela da alva nasça

em vosso coração" (2 Pe 1.19).

De que modo as dez virgens

foram ao encontro do Senhor? Com suas

candeias acesas. Isso simboliza a

palavra profética, que deve ser

colocada no velador. A exortação do

Senhor Jesus é:

"Cingido esteja o vosso corpo, e

acesas, as vossas candeias. Sede vós

semelhantes a homens que esperam pelo

seu senhor, ao voltar ele das festas

de casamento; para que, quando vier e

bater à porta, logo lha abram" (Lc

12.35-37).

De fato, a era da igreja

primitiva era fortemente

caracterizada pela espera pelo

Senhor, como Jesus disse na parábola:

"Então, o reino dos céus será

semelhante a dez virgens que, tomando

as suas lâmpadas, saíram e

encontrar-se com o noivo".

Perda do primeiro amor e sono

espiritual
Rapidamente o primeiro amor ao

Senhor Jesus e à Sua Palavra foi se

extinguindo. Assim, houve um bloqueio

na espera por Sua volta, que

adormeceu. Esse período é descrito em

Mateus 25.5:

"E, tardando o noivo, foram todas

tomadas de sono e adormeceram".

Mateus 25.5

Já nas cartas às igrejas

transcritas no Apocalipse, o Senhor

teve de dizer:

"Tenho, porém, contra ti que

abandonaste o teu primeiro amor.

Lembra-te, pois, de onde caíste,

arrepende-te e volta à prática das

primeiras obras; e, se não, venho a

ti e moverei do seu lugar o teu

candeeiro, caso não te arrependas"

(Ap 2.4-5).

Logo após a morte dos

apóstolos, a luz em relação à volta

de Jesus começou a se extinguir nas

igrejas. Certamente ainda havia muita

atividade, mas a espera ardente, o

primeiro amor de uma noiva por seu

noivo, começou a diminuir. A espera

adormeceu.
As virgens prudentes tinham

suas lâmpadas bem acesas e brilhantes

– elas serviam para iluminar a

chegada do noivo. Elas fizeram aquilo

que Jesus havia exigido: deixaram

suas luzes brilhar e esperavam por

Ele. Elas firmaram-se na palavra

profética e deram-lhe atenção "como a

uma candeia que brilha em lugar

tenebroso, até que o dia clareie e a

estrela da alva nasça em vosso

coração".
Nesse contexto, creio que o

Senhor estava tentando dizer à igreja

de Éfeso aproximadamente o seguinte:

"Você não é mais como uma virgem ou

uma noiva, que vai ao encontro de seu

noivo com a lâmpada acesa. Você

abandonou o primeiro amor, mesmo

possuindo a palavra profética. Mas de

que ela serve, se você não a utiliza

para iluminar seus passos para vir ao

meu encontro? Por isso, arrependa-se,

pois se você não o fizer, eu virei e

tomarei de você o candelabro da

palavra profética." E foi justamente

isso que aconteceu: a luz da palavra

profética quase perdeu-se

completamente nos séculos

subseqüentes.
"E, tardando o noivo, foram

todas tomadas de sono e adormeceram."

Na história da Igreja, as coisas

desenrolaram-se exatamente como está

descrito aqui de maneira figurada. O

Senhor Jesus tardou em vir. Ele

demorou para voltar. E aí o

cristianismo foi tomado de sono

espiritual, que fez adormecer todas

as esperanças pela volta do Senhor.

Os cristãos deixaram de vigiar,

exatamente o que deveriam ter feito

seguindo as repetidas e claras ordens

de Jesus. E por saber dessa situação,

Ele exortou Sua Igreja:

"Cingido esteja o vosso corpo, e

acesas, as vossas candeias" (Lc

12.35).

"Sede vós semelhantes a homens que

esperam pelo seu senhor, ao voltar

ele das festas de casamento; para

que, quando vier e bater à porta,

logo lha abram" (v. 36).

"Vigiai, pois, porque não sabeis

quando virá o dono da casa: se à

tarde, se à meia-noite, se ao cantar

do galo, se pela manhã; para que,

vindo ele inesperadamente, não vos

ache dormindo" (Mc 13.35-36).

Com o desaparecimento da

espera pela volta de Jesus, foi

minguando também o conhecimento sobre

o assunto. É assustador observar que

aproximadamente a partir do ano 300

d. C. não se acham mais menções da

volta de Jesus na literatura cristã

da época. Praticamente nenhum hino

daquele tempo e nenhum comentário

bíblico, do ano 300 d. C. até o

século 18, fala da espera pela volta

de Jesus para buscar Sua Igreja, para

arrebatar Sua noiva. Mesmo nos tempos

da Reforma existem poucos registros

de referências ao arrebatamento da

Igreja. O retorno à Palavra de Deus

nesse tempo foi maravilhoso e havia a

crença na volta de Jesus, mas apenas

para o fim dos dias, no dia do Juízo

Final. Todo o restante a respeito da

volta do Senhor desapareceu do

cristianismo. A espera pela volta de

Jesus foi como que encoberta,

soterrada.

Gerhard Herbst escreveu:
Nas igrejas e denominações, inclusive

na hinologia, a diferença entre o

arrebatamento e a volta de Jesus

praticamente inexiste ou é

desconsiderada. Quando se chega a

falar sobre a volta de Jesus,

pensa-se sempre na volta visível do

Senhor sobre o monte das Oliveiras.

Mas essa é a esperança de Israel e

não da Igreja de Jesus... O

arrebatamento da Igreja de Jesus é o

próximo acontecimento para a Igreja,

o próximo evento pelo qual ela deve

esperar. E essa volta não está

condicionada a sinais prévios.

Despertamento espiritual
Essa última fase tem mais ou

menos 150 a 200 anos. Ela coincide

praticamente com a volta dos

primeiros imigrantes judeus para sua

pátria. Por quê?
Essa terceira época situa-se

no final do tempo da graça e é o

chamado "tempo do fim". Na parábola

das dez virgens esse período é

descrito da seguinte maneira:

"Mas, à meia-noite, ouviu-se um

grito: Eis o noivo! Saí ao seu

encontro! Então, se levantaram todas

aquelas virgens e prepararam suas

lâmpadas" (Mt 25.6-7).

A partir do início do século

19 (e mesmo um pouco antes) o

cristianismo vivenciou uma forte ação

do Espírito Santo. Surgiram

movimentos avivalistas, sociedades

missionárias floresceram. Novos hinos

foram compostos, e a volta de Jesus

para o arrebatamento da Sua Igreja

passou a ser novamente proclamada. Um

dos pregadores dessa época foi o

inglês John Nelson Darby (1800 –

1882), fundador das Igrejas dos

Irmãos. A luz voltou a brilhar e

resplandeceu claramente, ao ser

anunciada novamente a vinda de Jesus

para buscar Sua Igreja – a candeia

voltou a ser colocada no velador. Mas

esse movimento não se restringiu

apenas à Inglaterra. Também nos

Estados Unidos muitos se levantaram e

começaram a publicar material falando

da volta de Jesus para a Igreja e

tornando esse o tema central de suas

pregações.
Darby era de opinião que a

Igreja tinha entrado em decadência

desde o tempo dos apóstolos. Ele

pretendia contribuir para um

renascimento dos tempos apostólicos.

Uma enciclopédia teológica diz de

Darby: "Extensas viagens pela Europa

ocidental, à América do Norte e à

Austrália contribuíram para o

ajuntamento espiritual da igreja de

Filadélfia nos tempos finais,

preparando-a para a volta de Jesus".
No século 19 descobriu-se

novamente a diferença entre o

"arrebatamento" e o "Dia do Senhor".

Paralelamente surgiram muitas igrejas

independentes, pois havia homens e

mulheres corajosos que romperam com

os sistemas eclesiásticos vigentes na

época, passando a pregar a mensagem

clara da iminente volta do Senhor.
Como aconteceu esse

despertamento, como foi redescoberta

a verdade sobre o arrebatamento? Foi

como se, de repente, as pessoas

acordassem de um longo e profundo

sono! Certamente esse foi um chamado

do Espírito Santo de Deus, que

repentinamente despertou a muitos por

estarmos nos aproximando da volta de

Jesus! Sim, realmente nos encontramos

na hora da meia-noite, quando soará o

chamado do Espírito: "Eis o noivo!

Saí ao seu encontro!"
Certamente não foi por acaso

que, paralelamente com esse

reavivamento espiritual da Igreja de

Jesus, tenha se iniciado também a

restauração de Israel e o repentino

despertar dos judeus para retornarem

à sua pátria. Esses dois movimentos

são dirigidos pelo Espírito Santo.

Maranata! Vem, nosso Senhor!

Autor: Norbert Lieth

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